O olhar cada vez mais atento de investidores e provedores de capital sobre os impactos de questões de sustentabilidade nos balanços financeiros tem produzido mudanças expressivas no campo do relato ESG.
O que era uma pauta restrita ao mercado de capitais ou uma movimentação de grandes corporações, tende a virar denominador comum. Com o lançamento das Normas IFRS S1 e S2 pela IFRS Foundation e a Resolução 193/2023 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aqui no Brasil, empresas sujeitas à regulação da entidade têm dois anos para se preparar para um reporte obrigatório nos padrões IFRS-S.
As duas normas fazem parte do que, com o tempo, será uma estrutura modular: a S1 é a “norma-mãe” (palavras do próprio Emmanuel Faber, chair do ISSB, board que liderou o desenvolvimento dos documentos da IFRS), e a S2 (focada em clima) se somará a outros “S” dedicados a temas como direitos humanos, biodiversidade e natureza e relações de trabalho, a serem lançados nos próximos anos.
S1: importância e benefícios
Construída para ser usada no reporte de informações sobre riscos e oportunidades financeiras ligados à sustentabilidade em geral, a S1 tem como foco garantir informações padronizadas, confiáveis e comparáveis.
Para isso, o corpo do documento traz uma lista de diretrizes, divulgações e data points que permitem a uma empresa calcular, explicar e divulgar o peso de riscos e oportunidades ESG.
Quem a adotar – e a aplicação voluntária para companhias listadas e/ou sujeitas à CVM começou agora, no ano-base 2024 – é convidado a responder questões como:
•De que forma os temas de sustentabilidade são considerados nas tomadas de decisão e na estrutura de governança corporativa?
•Como o processo de gestão de riscos corporativos da empresa é atravessado pelos tópicos ESG?•Como é o processo de determinação de materialidade dos riscos em sustentabilidade?
•A companhia consegue calcular efetivamente os efeitos desses temas sobre a posição de caixa, a criação de valor, a estrutura de capital e as perspectivas de resultado financeiro do negócio?
Esse modelo traz algumas promessas de novidades em relação a normas centradas em impacto, como as da Global Reporting Initiative (GRI), ou mesmo aos padrões de foco setorial, a exemplo das Normas SASB da própria IFRS. Com a Norma S1, é possível de fato integrar a sustentabilidade à análise de riscos financeiros e tomada de decisão estratégica, tornando os relatórios corporativos mais alinhados aos interesses de informação do stakeholder financeiro.
Por que adotar a S1 em seu relato?
•Padronização global: empresas do mundo todo passam a seguir um modelo único de divulgação, facilitando a análise comparativa entre mercados.
•Mais transparência e credibilidade: com informações mais estruturadas, as empresas ganham confiança dos investidores, reguladores e sociedade.
•Apoio à tomada de decisões estratégicas: o IFRS S1 exige que as empresas avaliem riscos e oportunidades financeiras relacionadas à sustentabilidade, tornando a gestão de riscos corporativos mais eficaz e dando clareza às perspectivas de negócio.
•Facilidade de acesso a investimentos: empresas que adotam a norma se tornam mais atrativas para fundos e instituições financeiras que priorizam investimentos sustentáveis.
•Interoperabilidade: a Norma IFRS S1 complementa as demonstrações financeiras tradicionais e relatos ESG, fornecendo uma visão mais completa da empresa. Por isso, casa bem com outras metodologias que têm um olhar atento às implicações financeiras da sustentabilidade, como o Framework de Relato Integrado, as Normas SASB e as complexas Normas ESRS da União Europeia.
Como usar a S1 com a S2 e outros standards e frameworks?
A Norma S1 começa, de forma lúcida, pelo geral: com diretrizes que permitem à empresa detalhar seu modelo de negócio, sua estrutura de governança, a forma como conduz sua reflexão estratégica e quais riscos, oportunidades, métricas e metas são considerados no trabalho. Nesse processo, é fundamental determinar a materialidade de riscos e oportunidades – uma lente para analisar os temas ESG tendo o critério financeiro ao centro, ou seja, indicando aqueles capazes de afetar a posição financeira e os resultados e perspectivas da organização.
Uma vez descrita a conexão financeira dos temas de sustentabilidade a riscos e oportunidades, é preciso reportar, com indicadores, dados que permitam a investidores e stakeholders de mercado tomar decisões e avaliar a exposição e a solidez do negócio com base nos temas específicos que o afetam.
Aqui entra a S2: ela traz divulgações e data points específicos sobre o clima, um passo além do que já era trazido há alguns anos nas diretrizes do Task Force on Climate-Related Financial Disclosures (TCFD), agora incorporado a ela. O uso combinado das duas é mandatório – e esse movimento deve se manter conforme a IFRS lançar outras “S” de sua série de normas.
Desde a S1, já se informa que as fontes metodológicas para reporte sobre os temas materiais incluem não apenas a S2, mas também as Normas SASB e até mesmo padrões como ESRS e GRI, desde que sejam usados para a divulgação financeira sobre sustentabilidade. Ah, e as Diretrizes de Relato Integrado <IR> são a base estrutural e conceitual para um bom relatório baseado nos padrões IFRS-S.
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