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Pensamento Integrado: um caminho para o desenho de estratégias abertas e colaborativas

Na hora de tomar decisões importantes sobre o futuro dos seus negócios, qual o nível de abertura e colaboração que as empresas devem incorporar ao trabalho de formulação estratégica? Responder a essa pergunta pode parecer simples: depende do perfil jurídico e tamanho da organização seria uma resposta rápida a vir à mente. Essa é uma resposta tão ágil quanto perigosa e imprecisa. Nessa linha de raciocínio, companhias de capital aberto, listadas em bolsa, habitualmente não decidem seus rumos sozinhas; têm de prestar contas a grupos amplos de investidores, credores, acionistas e gente distribuída no mercado de capitais. Já as de capital fechado tendem a parecer mais “livres” para pensar seus planos, por prestarem contas a menos gente. Assim, pensar e planejar negócios com olhar de longo prazo seria – apenas seria – uma tarefa mais complexa para conglomerados e organizações for profit de grande porte, restando a outros perfis de negócios um pensar estratégico mais ensimesmado e menos dinâmico. A história, porém, mostra que não é bem assim; na verdade, a literatura sobre estratégia indica que o século XX viu surgir teorias que indicam a necessidade de negócios abrirem a caixa preta e observarem as interconexões entre atividades empresariais, impactos gerados e recursos financeiros e não financeiros essenciais para sua existência. Modelos mais pautados pelo léxico do “integrado”, “aberto”, “colaborativo”, “sistêmico”, “integral” e “holístico” viraram moda nas escolas de administração e consultorias de estratégia. Isso decorre de uma movimentação que reflete, do muro para dentro, uma realidade dada que está há décadas fora dos escritórios das empresas. Três asserções demonstram a caducidade dessa divisão entre “empresas grandes que prestam contas a muita gente” e “negócios familiares”. A primeira é que, na prática, todo mundo presta contas a um raio de influência relativamente grande, que inclui quem trabalha na empresa, os que prestam serviços e os que têm vidas afetadas por sua existência (consumidores e comunidades de entorno, por exemplo). Em segundo lugar, nenhuma empresa é uma ilha. Todo negócio, por menor ou mais caseiro que seja, precisa, cada vez mais, sentar no divã e colocar suas bases estabelecidas em xeque, para se adequar a um mundo e uma economia global marcados pela tríade pós-moderna da volatilidade, transitoriedade e complexidade. Isso exige abertura, disposição ao diálogo e uma visão mais integrativa das questões que guiam as decisões e, é claro, afetam os resultados empresariais no curto, médio e longo prazos. O terceiro ponto é, talvez, o mais importante numa abordagem comportamental aplicada às pessoas jurídicas: isolamento vai na direção contrária de performance. Empresas com cadeias ultracontroladas, atividades dissociadas de parceiros e visão estreita de engajamento/relacionamento tendem a se desconectar dos stakeholders vitais e, também, ter sua reputação definida por tal postura, além de perder o lugar na janela do ônibus sem perceber – já que suas ideias não se atualizam na mesma velocidade do mundo. Voltemos, então, à questão inicial, agora com mais detalhes. Qual o nível de abertura e colaboração necessário para processos de reflexão estratégica? E mais: quem trazer para a conversa e como priorizar, escutar e filtrar considerações dos públicos? O que é preciso fazer para incentivar uma cultura de alianças e diálogos e, assim, tomar decisões de menor perfil de risco e maior impacto positivo nas jornadas dos negócios? Dois conceitos, intimamente conectados, nos ajudam a encontrar respostas possíveis: Pensamento Integrado e Open Strategy. Vamos nos dedicar, aqui, a depurar o primeiro – e lançar premissas a ele associadas que viabilizam a construção de estratégias de negócios abertas. O que é Pensamento Integrado? Como se aplica? O pensamento integrado pode ser entendido como uma filosofia empresarial que, de um lado, traduz preocupações de profissionais de Finanças e Contabilidade sobre o modo como empresas são conduzidas – e, de outro, demonstra como estas podem ser mais estáveis, saudáveis e produtivas por meio da consideração ativa dos diversos capitais (financeiro e não financeiros – social, natural, intelectual, humano etc.) que utilizam e sobre os quais produzem impactos. No texto “Integrated Thinking: Measuring the Unobservable”, os pesquisadores Irma Malafronte e John Pereira, das universidades de Roehampton e Kingston, no Reino Unido, resgatam a trajetória de debates sobre um modelo integrado de pensamento aplicável às empresas. Citam estudos em mercados pontuais, destacam a necessidade de critérios objetivos para mensurar/avaliar o nível de integração de administradores e suas decisões. E estabelecem um método para examinar, em estudo limitado a algumas companhias abertas, como posicionar empresas de acordo com seu nível reportado – e legível externamente – de integração. A conclusão dos autores é bem objetiva: “Embora a investigação sobre pensamento integrado e relatórios esteja a emergir na literatura recente sobre relatórios, ainda é preciso compreender o pensamento integrado na prática e o seu desenvolvimento ao longo do tempo” (Malafronte; Pereira, 2020, pág.5, tradução nossa). A menção a “relatórios” não ocorre por acaso. A discussão sobre pensamento integrado ganhou força na última década por conta do movimento do Relato Integrado <IR>, iniciado pelo International Integrated Reporting Council (IIRC), continuado pela Value Reporting Foundation (VRF) e hoje sob liderança da IFRS Foundation. No framework lançado pelo IIRC em 2013, a prática da divulgação integrada de resultados, desempenhos e perspectivas dos negócios das empresas sob a ótica <IR> era associada a empresas que pensavam a si próprias de maneira conectiva e holística, produzindo resultados mais estáveis e sólidos ao longo do tempo – e que os comunicam de forma clara a provedores de capital e outros stakeholders. Conforme o texto das diretrizes, o pensamento integrado “leva em consideração a conectividade e as interdependências entre uma gama de fatores que afetam a capacidade de uma organização de gerar valor ao longo do tempo” (IIRC, 2013, p.2), incluindo os estoques de valor representados pelos capitais que o negócio acessa e transforma; a capacidade de atender aos interesses dos stakeholders; a adaptabilidade do modelo de negócios e da estratégia ao ambiente externo; e os desempenhos e impactos gerados com relação aos capitais. O conceito foi trabalhado posteriormente em outros estudos da IIRC e da VRF, chegando ao

Sustentabilidade: 4 dicas para uma comunicação estratégica

No contexto corporativo, sabe-se que é preciso produzir relatórios ESG, mas como trabalhar a comunicação para um relato eficiente e coeso? Neste post, reunimos algumas dicas básicas Sustentabilidade não é um assunto tão simples, se pensarmos nas diretrizes, normas, padrões e siglas que surgem e que, claro, podem confundir a cabeça de quem não é do ramo. Por outro lado, as corporações sabem que é preciso adotar um processo de comunicação transparente no que diz respeito a suas iniciativas na agenda sustentável. Então, muitas delas podem se perguntar: por onde começar? A seguir, trazemos quatro dicas para responder a esta questão! 1) Crie uma cultura de sustentabilidade Por mais óbvio que pareça, antes de querer relatar ações sustentáveis, é preciso incorporá-las no dia a dia da empresa. Não se trata de ceder a uma demanda da sociedade ou dos investidores, mas de criar uma cultura que, no fim das contas, vai solidificar a companhia ao torna-la mais transparente. Por este motivo, estabelecer uma cultura de sustentabilidade é fundamental para obter sucesso lá na frente – e isso pode começar com pequenos incentivos. É possível, por exemplo, utilizar os canais internos para promover campanhas (como de reciclagem no escritório), com pequenos prêmios como incentivo. Aos poucos, pode evoluir para treinamentos e outras iniciativas. 2) Faça um raio-X da organização Quando a companhia já estiver madura do primeiro passo, é hora de caminhar para o segundo: a elaboração do relatório . Tal ferramenta de comunicação tem se mostrado vital para alcançar diversos públicos. Há, no entanto, uma série de modelos, técnicas de elaboração e padrões que podem confundir mais que ajudar, mas, neste caso, vale a máxima: “comece pelo básico”. O relatório deve ser produzido a partir de um raio-X da companhia, como resposta a perguntas como: em que momento ela se encontra em relação à Sustentabilidade? O que deseja a curto, médio, e longo prazo? Quais são os desafios para atingir os objetivos pretendidos? 3) Evite usar jargões corporativos Muitos relatórios produzidos atualmente contêm diversas informações irrelevantes, como dados “jogados”, não explicados e que, por vezes, estão no documento apenas para aumentar seu tamanho. Assim, é fundamental se atentar aos tópicos principais do negócio, evitando expressões inadequadas, ou, em outras palavras, jargões. Também é importante escrever de maneira acessível a todo e qualquer público. 4) Aposte em cursos com experts em relatórios A comunicação ESG é, portanto, a ponte para a confiança com stakeholders e consumidores, sendo capaz de demonstrar o compromisso de uma empresa com questões ambientais e de responsabilidade social. Aprender com quem domina essa maneira de se comunicar é mais uma dica importante. Por este motivo, nós, do Grupo Report, disponibilizamos o curso Relato Integrado, orientado pelos princípios da agenda ESG. O conteúdo programático aprofunda os conceitos de relato integrado e pensamento integrado, além de discorrer sobre criação de valor. Trata-se, também, da chance de estabelecer networking com empresas e profissionais engajados nos temas ESG e de sustentabilidade.

Importância e características do mercado de dívida ESG

Com a projeção da agenda sustentável mundo afora, cresce a necessidade de empresas conquistarem sinalização positiva e combaterem o greenwashing; entenda Nos últimos cinco anos, as questões socioambientais ganharam destaque nas decisões de organizações privadas, incluindo empresas e instituições financeiras. A crise climática, o declínio da biodiversidade e recursos naturais, o excesso de plástico e as desigualdades sociais refletem uma sociedade disfuncional. O crescente interesse de stakeholders nessas questões pressiona empresas a agir. Vejamos, a seguir, algumas iniciativas nesse sentido. Dívida ESG: que mercado é este? Em 2007, surgiu o mercado de dívida ESG, permitindo que operações de impacto positivo sejam rotuladas. Desde então, a área vem crescendo progressivamente, ganhando projeção no contexto mundial. O segmento de dívida ESG global se estabelece entre 5% e 6% do mercado total de dívida. Na América Latina, a fatia é de 30%. Paralelamente, cresce, também, o mercado de dívida ESG brasileiro – que, atualmente, representa de 15% a 30% do mercado total de dívida nacional. Como se constitui o mercado de dívida ESG Os instrumentos financeiros que sustentam as transações do tipo são conhecidos como GSSS (do inglês Green, Social, Sustainability e Sustainability-linked) Bonds/Loans. São práticas que respondem a uma demanda cada vez maior de investidores e instituições financeiras por ativos ligados ao enfrentamento dos grandes desafios da Sustentabilidade. Vejamos quais são alguns dos termos mais comuns deste mercado: ● Custo de capital: a empresa busca um financiamento mais barato, motivada pela crença de que um prêmio de Sustentabilidade pode oferecer essa vantagem. Na contramão, os investidores aceitam ganhos menores pelo avanço nas pautas da agenda sustentável. Entretanto, não há consenso que permita cravar que operações rotuladas garantam acesso a financiamentos com menor custo. ● Sinalização para o mercado: A emissão de títulos rotulados pode ser interpretada por meio da teoria da sinalização. Nela, um sinal é dito crível quando dificulta que companhias com características menos desejáveis o imitem. Pensando sob o ponto de vista do investidor, é possível distinguir claramente companhias comprometidas (que, portanto, ganham credibilidade) daquelas que não demonstram preocupação com a agenda sustentável. Greenwashing: o que é e como se relaciona com a dívida ESG Outro racional que compõe o mercado da dívida ESG é a prática conhecida como greenwashing, quando uma empresa promove e divulga iniciativas favoráveis ao meio ambiente, mas opera de maneira oposta ao que prega. Em outras palavras, há o risco de operações rotuladas como sustentáveis serem utilizadas como uma ferramenta de marketing para alavancar dinheiro. Uma pesquisa recente da consultoria PwC revelou que 98% dos investidores brasileiros acreditam que relatórios corporativos de sustentabilidade contenham informações não comprovadas. O levantamento ouviu 340 pessoas ligadas às operações de investimento. Mundo afora, o greenwashing é percebido por 94% dos respondentes. Os racionais que se relacionam com as áreas de Comunicação são os de greenwashing e de sinalização, sendo, porém, paradoxais. Isso porque a concretização de um ou de outro varia conforme a robustez dos componentes da operação vinculada por determinada organização. Combate ao greenwashing gera oportunidades para profissionais da comunicação Em meio ao mercado de dívida ESG, nota-se que as estratégias de Sustentabilidade das empresas ganham um foco muito maior, diante do qual nada passa despercebido. O público que acessa este ramo é criterioso, bem informado em geral e, portanto, atento às nuances da operação – daí as acusações de greenwashing serem cada vez mais frequentes. Por outro lado, se a companhia tem uma estratégia madura quanto ao papel que pretende desempenhar, a operação, além de ambiciosa, pode sinalizar a seus stakeholders alto grau de comprometimento. Passa, por isso mesmo, mais segurança e transparência, na medida em que constrói um posicionamento crível frente à agenda ESG. O fortalecimento reputacional também é fundamental para manter a credibilidade do mercado como um todo (o que faz com que as acusações de greenwashing o afetem de modo geral). Neste cenário, o papel dos profissionais da comunicação se torna determinante, já que são eles os responsáveis por fazer um embasamento sólido, com referencial teórico apurado e assertividade. Por fim, cabe salientar que a responsabilidade ao transmitir relatos socioambientais não se traduz somente no benefício da sinalização para uma empresa. Serve, também, para que as operações da organização confiável sigam aumentando sua representatividade no mercado de dívida global.

Programa de media training prepara porta-vozes para falar sobre Sustentabilidade

Uma boa comunicação é a chave para falar sobre ESG e a agenda sustentável de maneira que agregue valor a uma empresa. Nesse sentido, os porta-vozes têm um papel fundamental. Conheça o treinamento de media training da Report com foco para este público! Imagine a seguinte situação: um jornalista entra em contato com uma marca a fim de entrevistar seu porta-voz para falar sobre as estratégias ESG da empresa. A companhia em questão, porém, não tem um departamento específico (uma divisão de Sustentabilidade, por exemplo). Neste caso, deveria declinar a solicitação, perdendo a oportunidade de se colocar na mídia? Em nosso entendimento, não. Isso porque os assuntos relativos à agenda Ambiental, Social e de Governança não devem ficar restritos a um único departamento, ainda que ele exista. Todos os porta-vozes devem saber falar sobre ESG, sendo capazes de articular as ideias em torno do trabalho que desempenha na corporação. Quer um exemplo? Um(a) diretor(a) de RH pode falar sobre ações de Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I) e conectá-las ao eixo Social da sigla ESG, enquanto um representante do alto escalão pode discorrer sobre governança corporativa. É claro que tudo vai depender da pauta do jornalista que entrou em contato e, principalmente, da existência, de fato, das ações que a empresa quer comunicar, para não correr o risco de praticar greenwashing (de que falaremos mais adiante). E, para fortalecer o papel dos porta-vozes, uma comunicação eficiente é a chave, uma vez que que transparência, diálogo e engajamento são alguns de seus aspectos fundamentais. Como sempre, a tarefa começa dentro de casa: é importante que todos os colaboradores estejam alinhados a essas iniciativas. Os porta-vozes, em especial, devem estar em dia não só com a realidade da empresa e seu impacto na sociedade e no meio ambiente. Porém, é essencial que estejam, também, alinhados à agenda de Sustentabilidade como um todo. A narrativa das lideranças que falam em nome das corporações deve ter consistência, acima de tudo. Para auxiliá-las nesta tarefa, a Report desenvolveu um treinamento completo de media training. Afinal, o que é greenwashing? A iniciativa tem como objetivo atualizar as lideranças sobre as práticas de referência em Sustentabilidade e ESG e tendências para o futuro. O programa aborda, ainda, os princípios básicos de uma boa comunicação destes assuntos, além de apresentar uma visão geral da mídia que atua na área. Em outras palavras, trata-se de um treinamento de gestores para, enfim, atuarem como porta-vozes nas temáticas correspondentes. O conteúdo programático inclui uma visão geral sobre Sustentabilidade e ESG nas organizações, com um balanço do cenário no último ano e as perspectivas para 2024-2030. Do ponto de vista global, o treinamento aborda as movimentações, investimentos e estratégias das empresas, trazendo, também, destaques sobre novos acordos, regulamentações e questões climáticas. Já sobre o Brasil, o programa indica companhias que são referência nos assuntos tratados, além de mostrar quais são os principais veículos jornalísticos (e seus profissionais de destaque) que falam sobre Sustentabilidade. O treinamento inclui uma palestra sobre como ser um(a) bom/boa porta-voz – inclusive como se sair bem no vídeo, com dicas de linguagem e expressão –, simulação de entrevistas e debates. Um dos pontos altos da dinâmica, no entanto, é a abordagem sobre greenwashing. Entenda a seguir. Conteúdo do programa de media training Saber identificar greenwashing e outros movimentos do tipo é central no papel dos porta-vozes em Sustentabilidade e ESG atualmente. Como já explicamos neste post, a palavra em inglês vem de whitewashing, termo utilizado para falar sobre a estratégia de quem decide passar uma tinta branca em uma casa antiga para iludir potenciais compradores. Por analogia, o greenwashing caracteriza organizações que tentam ludibriar o mercado fazendo alegações sem consistência, do ponto de vista ambiental. Atualmente, além do green, há outros washings, em diferentes perspectivas. Por exemplo, o blue (quando ligado ao Pacto Global da ONU); o pink (para comunicar ações de conscientização e combate ao câncer de mama); health (para falar de iniciativas em saúde) etc.  Durante o treinamento de media training da Report, nosso fundador, Estevam Pereira, fala sobre os perigos do greenwashing, traz exemplos de movimentos semelhantes e propõe que os participantes analisem casos para identificar se determinada empresa é confiável e passa mensagens honestas.  Para saber todos os detalhes sobre o programa de media training da Report, entre em contato conosco!

Sustentabilidade: 4 dicas para uma comunicação estratégica

No contexto corporativo, sabe-se que é preciso produzir relatórios ESG, mas como trabalhar a comunicação para um relato eficiente e coeso? Neste post, reunimos algumas dicas básicas Sustentabilidade não é um assunto tão simples, se pensarmos nas diretrizes, normas, padrões e siglas que surgem e que, claro, podem confundir a cabeça de quem não é do ramo. Por outro lado, as corporações sabem que é preciso adotar um processo de comunicação transparente no que diz respeito a suas iniciativas na agenda sustentável. Então, muitas delas podem se perguntar: por onde começar? A seguir, trazemos quatro dicas para responder a esta questão! 1) Crie uma cultura de sustentabilidade Sustentabilidade não é um assunto tão simples, se pensarmos nas diretrizes, normas, padrões e siglas que surgem e que, claro, podem confundir a cabeça de quem não é do ramo. Por outro lado, as corporações sabem que é preciso adotar um processo de comunicação transparente no que diz respeito a suas iniciativas na agenda sustentável. Então, muitas delas podem se perguntar: por onde começar? A seguir, trazemos quatro dicas para responder a esta questão! 2) Faça um raio-X da organização Quando a companhia já estiver madura do primeiro passo, é hora de caminhar para o segundo: a elaboração do relatório . Tal ferramenta de comunicação tem se mostrado vital para alcançar diversos públicos. Há, no entanto, uma série de modelos, técnicas de elaboração e padrões que podem confundir mais que ajudar, mas, neste caso, vale a máxima: “comece pelo básico”. O relatório deve ser produzido a partir de um raio-X da companhia, como resposta a perguntas como: em que momento ela se encontra em relação à Sustentabilidade? O que deseja a curto, médio, e longo prazo? Quais são os desafios para atingir os objetivos pretendidos? 3) Evite usar jargões corporativos Muitos relatórios produzidos atualmente contêm diversas informações irrelevantes, como dados “jogados”, não explicados e que, por vezes, estão no documento apenas para aumentar seu tamanho. Assim, é fundamental se atentar aos tópicos principais do negócio, evitando expressões inadequadas, ou, em outras palavras, jargões. Também é importante escrever de maneira acessível a todo e qualquer público. 4) Aposte em cursos com experts em relatórios A comunicação ESG é, portanto, a ponte para a confiança com stakeholders e consumidores, sendo capaz de demonstrar o compromisso de uma empresa com questões ambientais e de responsabilidade social. Aprender com quem domina essa maneira de se comunicar é mais uma dica importante. Por este motivo, nós, do Grupo Report, disponibilizamos o curso Relato Integrado, orientado pelos princípios da agenda ESG. O conteúdo programático aprofunda os conceitos de relato integrado e pensamento integrado, além de discorrer sobre criação de valor. Trata-se, também, da chance de estabelecer networking com empresas e profissionais engajados nos temas ESG e de sustentabilidade.

Tudo sobre o ISE B3: Indicador de Sustentabilidade para Investidores

Entenda o ISE B3: Indicador de Sustentabilidade para Investidores Conscientes Entenda o ISE B3: Indicador de Sustentabilidade para Investidores Conscientes O Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), criado pela Bolsa de Valores do Brasil (B3) em 2005, é um indicador fundamental para investidores interessados em acompanhar empresas com boas práticas em sustentabilidade. Em termos simples, o ISE B3, como é popularmente conhecido, tem a função de mensurar de forma tangível o desempenho médio dos preços de ativos das empresas comprometidas com a sustentabilidade. Para participarem do processo, as organizações devem primeiramente estar entre as 200 empresas com os ativos mais líquidos, ou seja, com maior facilidade de conversão em dinheiro devido à velocidade de compra e venda. Depois disso, é feita uma avaliação rigorosa de critérios, momento no qual o ISE identifica os nomes que são destaque em eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa.  Processo seletivo à carteira ISE B3 Modalidades de Participação Existem duas modalidades de participação: oficial ou simulada. Para a categoria oficial, além de ser convidada, a empresa deve provar o cumprimento dos requisitos adicionais detalhados nos documentos de Diretrizes (com destaque para o tópico 1.6 na página 4).  Já a categoria simulada serve como um preparatório: qualquer empresa pode participar, independentemente de convite, e seu desempenho pode servir como um direcionador de benchmarking interno para boas práticas de sustentabilidade. Questionário ISE B3 O atual questionário, que passou por uma reformulação em 2021, foi alinhado com o Sustainability Accounting Standards Board (SASB) e a Global Reporting Initiative (GRI), e possui 5 grandes dimensões a serem avaliadas: Capital Humano Governança Corporativa e Alta Gestão Capital Social Modelo de Negócios e Inovação Meio Ambiente A Mudança do Clima é avaliada pela nota obtida com o questionário do Carbon Disclosure Project (CDP) – Climate Change, que possui uma estrutura robusta para diagnosticar o compromisso das empresas com o tema. A configuração do questionário varia de acordo com o setor da empresa participante. Alguns temas e tópicos são gerais, enquanto outros são específicos para o setor. As perguntas seguem a hierarquia de dimensão, temas e tópicos, como ilustrado na imagem abaixo, e são divididos em PDFs disponíveis no site do ISE B3. ↓Dimensão ↓ ↓Temas ↓ Tópicos Avaliação quantitativa x Avaliação qualitativa A avaliação quantitativa nada mais é que a fase de respostas. Neste momento, as empresas devem responder a perguntas de múltipla escolha. Apesar de variar a cada ano, o número de perguntas no questionário de seleção da carteira geralmente fica entre 80 e 100, destacando a importância de um preparo prévio, envolvendo documentação, alinhamento interno e tempo e equipe dedicada para o tema.  Posteriormente, como parte da metodologia, as empresas que atendem aos requisitos de participação e concorrem na categoria oficial são convidadas a apresentar evidências de 5 assinalamentos de cada uma das 5 dimensões. Ou seja, serão requisitadas, aleatoriamente, comprovações das respostas dadas na fase anterior. Essa etapa é chamada de avaliação qualitativa, pois verifica a qualidade das evidências apresentadas. Para garantir a isonomia do processo, a fase de auditoria é acompanhada pela KPMG e as evidências solicitadas são sorteadas no próprio sistema. É permitido enviar até 5 documentos para cada assinalamento sorteado marcado. Essa etapa é ainda mais densa e requer grande preparo para a análise e organização dos documentos. A recomendação do ISE é que, dentre as 5 evidências permitidas, uma delas seja uma espécie de dossiê/carta explicativa que conecte e apresente  os documentos de forma clara e objetiva. Nota final ISE B3 e entrada na carteira A nota final é baseada na avaliação quantitativa e qualitativa do processo. Após a conclusão, são divulgadas prévias da carteira e, finalmente, a carteira oficial. A última carteira, que entrou em vigor no último janeiro, foi anunciada em 02/01/2024 e inclui 78 empresas de 36 setores.  Comparando com as carteiras dos últimos três anos, houve um aumento de 33 empresas em relação a 2022, como se observa no quadro/gráfico abaixo. Carteira Ano em vigor Empresas Setores 17ª 2022 46 27 18ª 2023 66 26 19ª 2024 78 36 A nova carteira contou com empresas como o Grupo de Moda Soma, assessorada pelo Grupo Report e que mostrou uma grande evolução desde 2022. Rebalanceamento da carteira Os rebalanceamentos ocorrem a cada quatro meses e servem para monitorar as empresas em busca de eventos que possam afetar sua reputação e verificar se elas atendem aos requisitos de permanência da metodologia. Portanto, não basta apenas entrar na carteira, é necessário manter um desempenho e compromisso contínuos com a sustentabilidade. Em maio e 2024, haverá um novo rebalanceamento que levará em consideração a nota do CDP 2023, já disponível no site do CDP.  Quando se trata do CDP, é importante mencionar que o calendário do ISE B3 para o ciclo de 2024/2025 foi modificado para incorporar a primeira divulgação da carteira com a nota mais atualizada do CDP no próximo processo. As atividades começarão em março e continuarão até abril de 2025. Ciclo 2024/2025 ISE B3 Entre as principais novidades, está uma audiência pública que será realizada presencialmente e o preenchimento do questionário ocorrerá entre setembro e novembro. A primeira fase de envio de evidências também será em novembro. Caso as evidências sejam parcialmente aceitas, o ISE permite uma réplica, onde os participantes têm a chance de enviar novos documentos. Essa segunda etapa ocorrerá em fevereiro de 2025. Além disso, o ISE anunciou que realizará um processo mais detalhado de revisão do questionário, atualizado anualmente, mas que não será como a grande reestruturação que ocorreu em 2021. Por fim, devo inscrever minha empresa no ISE B3? Participar do índice, seja como categoria oficial ou simulada, deve ser visto como uma jornada. As empresas recebem um diagnóstico que pode e deve orientar a adoção de boas práticas contínuas. Não é possível gerenciar o que não é mensurado. No contexto atual, as agendas de sustentabilidade e ESG tornaram-se uma necessidade, em vez de uma escolha. Isso é corroborado pela demanda dos investidores por transparência e pelas diversas regulações existentes e emergentes, além

Aprenda a identificar os “washings” na comunicação a partir de cases famosos

Querer divulgar que é sustentável está nas metas de muitas empresas, em diferentes setores. Mas, sem um conhecimento adequado e esbarrando em questões éticas, fica difícil não cometer green ou outro washing. Entenda os conceitos e aprenda a identifica-los em cases famosos do que não fazer na comunicação ESG. Quando o CEO da Black Rock – maior gestora de recursos do mundo –, Larry Fink, passou a abordar temas da agenda sustentável nos comunicados anuais que enviava ao alto escalão das companhias investidas pela dele, uma enorme onda ESG se formou. Coincidentemente ou não, conforme os escritos do executivo se tornavam mais incisivos, os temas de Environmental, Social and Governance ganhavam tração. Ele dizia, por exemplo, que promover retornos sustentáveis requeria foco em fatores sociais e ambientais, para além da governança. Dizia, ainda, que as economias seriam profundamente afetadas pela transição para um cenário de neutralidade de emissões de carbono. Muitas empresas, no início da tal onda, ainda não estavam preparadas para lidar com a complexidade dos assuntos desta temática e, de fato, comunicar suas ações. Ou seja: não estavam maduras o suficiente para falar a respeito, não faziam a lição de casa e, dessa forma, acabavam expostas ao popular greenwashing. A palavra em inglês vem de whitewashing, termo utilizado para falar sobre a estratégia de quem decide passar uma tinta branca em uma casa antiga para iludir compradores em potencial. Em analogia, o greenwashing caracteriza organizações que tentam ludibriar o mercado fazendo alegações inconsistentes (ou até mesmo mentirosas) do ponto de vista ambiental. Afinal: quais são os outros washings, além do green? Atualmente, há uma miríade de washings em diferentes perspectivas. Por exemplo, o blue (quando ligado ao Pacto Global da ONU); o pink (para comunicar ações de conscientização e combate ao câncer de mama); health (para falar de iniciativas em saúde) etc. Destacamos, ainda, o ESGwashing, usado para denunciar gestoras de fundos de investimento que rotulam seus produtos com a popular sigla, sem qualquer preocupação com a transparência. Outro tipo conhecido nesse sentido de maquiar dados foi o sportswashing durante a Copa do Mundo do Catar. Na ocasião do torneio mundial, a organização prometia que a competição seria neutra em carbono. A estratégia idealizada era que todas as emissões de gases de efeito estufa fossem compensadas com uma série de medidas. Entretanto, segundo o órgão que regula publicidades na Suíça, o evento enganou os consumidores, uma vez que as promessas não se cumpriram. Cuidado com washings nos discursos A “maquiagem verde” (também chamada de “lavagem verde”) que caracteriza o greenwashing costuma ser feita por meio de um discurso sobre sustentabilidade contendo informações genéricas, inverídicas ou, no mínimo, irrelevantes. Uma estratégia de narrativa comumente utilizada por empresas que maquiam seus dados é destacar apenas impactos positivos do negócio, omitindo, portanto, questões fundamentais. Isso acontece, por exemplo, com a Coca-cola quando comemora ter adotado garrafas feitas com PET de origem vegetal, mas não resolve o problema no restante da produção, que ainda usa PET de origem fóssil. Outra estratégia de discurso é usar jargões técnicos, incompreensíveis ou, de novo, irrelevantes. Greenwashing na estética das empresas Do ponto de vista estético, empresas que “lavam” seus dados costumam se utilizar de imagens que remetem à sustentabilidade ambiental, com ícones de plantas, por exemplo, para indicar que sejam “verdes”. O apelo vale até mesmo para identidade visual. Há, ainda, aquelas que omitem imagens do negócio em operação, a exemplo de um anúncio clássico de revista da marca Shell, que ilustrava flores saindo de chaminés. Cabe destacar, ainda, a associação vazia de sentido a determinadas causas, como quando uma campanha da KFC dizia que iria destinar parte do valor de um balde de batata frita da marca a uma instituição de combate ao câncer (quando se sabe que alimentos gordurosos aumentam o risco para a doença). Existem companhias que se utilizam de outra estratégia comum no greenwashing: terceirizar a responsabilidade (incentivando consumidores a reduzirem a própria pegada de carbono, sem se comprometer com os dados da própria organização). E, quando pensamos no portfólio de marcas que praticam greenwashing, exemplos não faltam. A criação de ecolojas é um deles, como quando a Zara, uma marca constantemente envolvida em denúncias sobre más condições de trabalho de fornecedores, abriu a maior loja da marca em Madri, com atributos sustentáveis. Então, qual é o papel dos comunicadores quando clientes querem comunicar que fazem ESG? Cada vez mais, empresas de diversos segmentos têm procurado consultorias em sustentabilidade para dizer o quanto (pensa que) é sustentável, quando, na verdade, ainda não tem conhecimento do tema. Em situações assim, como nós, enquanto atuantes em Comunicação Corporativa, deveríamos agir? De acordo com uma estratégia da agência de comunicação Futerra, devemos dividir perguntas em três eixos para o potencial cliente: impacto, alinhamento e comunicação. A estratégia integra uma publicação intitulada, na tradução em português, Compreendendo e Prevenindo o Greenwash: um Guia de Negócios. No eixo de impacto, devemos procurar saber se a companhia em questão investiu recursos na iniciativa que quer comunicar; quais resultados já obteve; qual é a relevância, para o negócio, do que pretende tornar público etc. Já no eixo de alinhamento, é necessário questionar sobre a confiabilidade das informações; se houve correspondência com outras áreas dentro da empresa para dar visibilidade às questões que se quer comunicar e se há consistência na mensagem. Por fim, na comunicação, é imprescindível procurar saber se o cliente tem dados para corroborar as afirmações; se consegue dar amostras para que seja possível compreender o quadro geral; se a mensagem é verdadeiramente honesta etc. Este é um mote importante para destrinchar a comunicação ESG de uma companhia sem incorrer nos perversos washings.

Normas de sustentabilidade IFRS: mudanças à vista no relato ESG

Hoje, toda empresa que decide publicar seus resultados sabe que um bom relatório é feito com base em metodologias. Nascidos como peças de divulgação, os documentos evoluíram e se profissionalizaram; viraram material de consulta de investidores e servem para atestar a solidez e a consistência da estratégia de uma organização. Se, no eixo financeiro, isso já é ponto consolidado com a adoção global das normas IFRS, no campo da sustentabilidade os desafios são muitos. Excesso de diretrizes, olhar generalista e uma baixa conexão com os negócios são alguns deles – mas uma transformação é prometida com a publicação, ainda em 2023, das normas de divulgação de sustentabilidade do International Sustainability Standards Board (ISSB), intituladas IFRS S1 e S2. Capitaneadas pela IFRS Foundation, a mesma entidade que lidera globalmente o movimento do Relato Integrado (<IR>), as normas vão completar a caixa de ferramentas do relato ambiental, social e de governança (ESG, na sigla em inglês) (confira aqui um estudo recente do grupo report sobre o tema). Hoje, normas como a da Global Reporting Initiative(GRI) são adotadas por quatro em cada cinco das 250 maiores companhias do planeta. Oferecem pistas para mapear impactos e divulgar, em relatórios, indicadores comuns a diversos setores e tipos de organizações. Falta, porém, a ênfase no aspecto financeiro e no olhar “de fora para dentro” – ou seja, entender como o negócio, além de afetar, é tambémafetado pelos desafios sociais e ambientais de nosso tempo. Quem aderir às novas normas (e elas serão válidas a partir de 1º de janeiro de 2024) vai ser convidado a explicar como o ESG afeta lucro, endividamento, Ebitda, caixa, receita e Capex. Um exemplo prático: uma empresa do agronegócio divulgar suas emissões de gases do efeito estufa é suficiente para um investidor que quer entender a exposição do negócio às mudanças climáticas? Em tese, não: falta, para começo de conversa, entender as despesas com compensação ou as perdas causadas por eventos extremos (secas, chuvas, granizo, geadas etc.). Cifras têm de ser cada vez mais adicionadas aos indicadores ESG. É em resposta a isso que a IFRS S1 (divulgações gerais) e a IFRS S2 (divulgações ligadas ao clima) virão. A conexão entre impacto e resultado nas divulgações corporativas tende a ser positiva para o mercado, que vai se informar sobre sustentabilidade e, assim, tomar melhores decisões de investimento. E também para as empresas: afinal, no longo prazo, elas poderão provar, por meio de seus relatórios, como negócios pautados por premissas ESG são mais funcionais e duradouros.

Acessando títulos rotulados por meio da estratégia de sustentabilidade

Os GSSS Bonds (sigla em inglês para Green, Social, Sustainability e Sustainability-linked Bonds) ou títulos rotulados emergiram como alguns dos principais produtos financeiros com o objetivo de “carimbar” o dinheiro que incentiva avanços socioambientais. De acordo com a CBI (sigla para Climate Bonds Initiative) (CBI, 2023), essas operações mobilizaram US$ 863,5 bilhões de dólares em 2022. Já no Brasil, esse montante foi de R$ 54 bilhões em 2022, segundo levantamento feito pela NINT. Do montante movimentado no Brasil, 47% do volume foi captado via sustainability-linked bonds (também conhecido pela sigla SLB). Trazendo o foco para o SLB, que emerge como o instrumento de dívida sustentável mais recente e com expressivo crescimento nos últimos anos. Seu apelo se dá por ser uma alternativa acessível para as empresas que não possuem um projeto específico para financiar, mas têm uma estratégia formulada para tornar seus negócios mais sustentáveis. No entanto, sua emissão carrega riscos, pois caso não esteja alinhado a uma estratégia de sustentabilidade robusta, pode representar um tiro no pé. A estrutura inovadora do SLB tem o potencial de oferecer aos investidores um impacto real no desempenho socioambiental a nível corporativo, uma vez que a taxa de juros a ser paga pelo emissor é vinculada ao atingimento de metas socioambientais, existindo uma penalidade caso não seja atingida. Segundo Berrada et al. 2022, a opção mais frequente para penalizar um emissor de SLB por não cumprir sua meta é um aumento de cupom entre 25-50 pontos base (aproximadamente 95% de todas as emissões de SLBs). Esse formato difere dos títulos baseados em uso de recursos (p.e. Green, Social e Sustainability Bonds), onde os recursos captados têm que ser destinados especificamente a algum projeto. Os SLBs, por sua vez,  proporcionam maior flexibilidade aos emissores, pois o uso dos recursos é livre. O não atingimento dos KPIs (sigla em inglês para key performance indicator) pelo emissor, no entanto, não significa necessariamente ganho financeiro para o investidor. A ideia de que uma empresa com alto desempenho em temas ESG é uma empresa mais resiliente é o principal impulsionador do financiamento sustentável. Ou seja, deixar de cumprir uma meta de sustentabilidade material provavelmente prejudicaria o perfil de crédito do emissor e poderia afastar alguns investidores, podendo resultar em uma queda no preço do título. Entende-se que a emissão desses títulos por atores do setor privado ocorre devido a incentivos específicos que os motivam a acessar esse mercado. Flammer (2021) aponta três principais motivos para empresas emitirem green bonds, que apoiam a compreensão dos racionais por trás das emissões de SLBs: redução do custo de capital,  quando as companhias entendem que títulos rotulados proporcionam a ela um menor custo de financiamento; sinalização, para prover um sinal crível a seus stakeholders do compromisso da companhia frente às questões socioambientais; e o tão falado greenwashing, quando empresas se mostram como ambientalmente responsáveis, embora não empreguem ações tangíveis nesse sentido. O nível de maturidade da estratégia de sustentabilidade da empresa emissora é determinante para sua capacidade de aproveitar os benefícios que uma emissão de título carimbado como sustentável pode gerar. Isso ocorre pelo fato da operação estar vinculada a metas e KPIs. As empresas emissoras podem aproveitar os compromissos já definidos em suas estratégias de sustentabilidade, de forma a conferir maior concretude a eles e evidenciar “skin in the game”, ou seja, um comprometimento financeiro com o atingimento de suas metas.  A emissão de SLBs, no entanto, acaba colocando grande escrutínio sobre as estratégias de sustentabilidade das empresas emissoras, o que pode gerar consequências distintas, a depender do nível de maturidade do emissor. Empresas com maior maturidade em suas estratégias estão bem posicionadas para aproveitar o racional da sinalização, aportando credibilidade a seus compromissos e atuação frente à agenda da sustentabilidade. [1] Por outro lado, empresas ainda imaturas acabam estando mais expostas a riscos, podendo sofrer acusações de inconsistência,  podendo acarretar efeitos contrários ao pretendido. Quanto à redução do custo de capital, ainda não existem evidências sobre sua ocorrência, apesar de, em alguns casos, terem  sido observadas taxas mais baixas na emissão de SLBs. Geralmente isso ocorre quando a emissão tem como destino o mercado internacional, que possui mais bolsos dedicados à temática, ou seja, maior demanda pelos títulos SLBs. Algumas características da estratégia de sustentabilidade que entende-se como importantes para uma emissão de SLB bem sucedida são: Entende-se que empresas aderentes aos pontos acima estão bem posicionadas para realizar uma emissão de SLB e usufruir dos benefícios que tal rotulagem pode conferir ao seu perfil. Dessa forma, a operação se torna um passo natural na jornada corporativa frente à agenda de sustentabilidade, possibilitando atrair capital por meio da estratégia formulada. Além disso, é possível dizer que o nível de contribuição que os SLBs representam para o avanço do setor privado frente aos desafios da sustentabilidade está no campo dos incentivos. A oportunidade de emitir dívida rotulada como sustentável pode ser um fator indutor para o aumento do nível de ambição dos compromissos públicos presentes nas estratégias de sustentabilidade. Converse com o time de especialistas em Finanças Sustentáveis do grupo report. Referências:

Normas IFRS S1 e S2 lançadas: os principais tópicos, as novidades – e o que vem por aí

Há algum tempo, fazer a integração real de dois mundos – o da sustentabilidade e o do mercado financeiro – é o grande desafio de reguladores, especialistas e definidores de standards ao redor do mundo. No final de junho, um passo decisivo foi dado nessa direção com o lançamento das Normas IFRS S1 e S2, dedicadas a padrões de divulgação de riscos e oportunidades em sustentabilidade, com foco no mercado de capitais. O lançamento foi durante a IFRS Foundation Conference 2023, realizada em Londres e transmitida para todo o mundo nos dias 26 e 27 de junho. Por meio de nossa unidade de negócios rpt.edu, estivemos na conferência para entender a fundo o que dizem a S1 e a S2. Em resumo, elas prometem dar novo direcionamento à prática de comunicação de resultados, enfatizando o diálogo com os interesses de investidores e a qualificação de discurso e dados sobre riscos e oportunidades atrelados a temas ESG. CIFRAS PARA TODOS OS CAPITAIS Capitaneada globalmente pela IFRS Foundation, por meio do International Sustainability Standards Board (ISSB), a construção das Normas envolveu consultas públicas realizadas em 2022 e a incorporação de vários conceitos e orientações técnicas presentes em documentos da IFRS, incluindo a Estrutura Internacional para Relato Integrado (<IR>) e as Normas SASB. As Normas também recorrem a conceitos e estruturas das diretrizes do Task Force on Climate-Related Financial Disclosures (TCFD) e dialogam com o CDP. A ponte com as Normas da Global Reporting Initiative (GRI), um dos maiores pontos de dúvida, segue em construção. Em sua fala de abertura na Conferência, o chair do ISSB, Emmanuel Faber, foi enfático: as Normas S1 e S2, mais que novas referências para fazer relatórios ou divulgar dados, são um marco na criação de uma linguagem comum no ecossistema global de accounting para assuntos de sustentabilidade, que podem e devem ser traduzidos em termos de negócio e subsidiar decisões de investidores. “A economia não reconhece o valor da natureza para os negócios. Não traduzimos em informação financeira questões com impacto direto sobre elas, como transição populacional, carbono e uso da água. A fronteira que faltava era desenvolver uma linguagem comum e, assim, caminhar para a convergência do relato financeiro e do relato de valor e capitais”, afirmou, fazendo referência à necessidade de dar cifras aos capitais (não apenas o financeiro) acessados e transformados pelos negócios. “Agora, nós atravessamos essa fronteira.” Conhece nossos cursos certificados em Relato Integrado <IR> e GRI? Clique aqui. AS NORMAS EM DETALHE Primeiro bloco de uma série de normas “S” a serem lançadas pela IFRS Foundation – como já ocorre com as Normas IFRS de Relatório Financeiro –, a S1 e a S2 abordam, respectivamente, divulgações sobre sustentabilidade em geral e divulgações relacionadas ao clima. Disponíveis ao público (por enquanto, sem tradução para o português) desde o dia 26 no site da fundação, a S1 e a S2 foram lançadas em oito documentos: as Normas em si, cadernos de orientações setoriais e diretrizes para aplicação, avaliação de efeitos. A S1 é mais abrangente e conceitual: reúne seções de Objetivos, Escopo, Fundamentos Conceituais, Conteúdos Core e Requisitos, entre outras, que destrincham o caminho para empresas desenvolverem seus relatos. Sua construção é diretamente inspirada em conceitos do mercado financeiro: é o caso do de materialidade, que aqui se aproxima das Normas IFRS de Relatório Financeiro e da Estrutura Internacional para Relato Integrado (<IR>), atrelando a definição de temas materiais ao potencial que estes têm de influenciar decisões de stakeholders provedores de capital. A materialidade de impacto, defendida globalmente por normas como as da GRI e focada na percepção de relevância de todos os públicos, é combinável, mas não é o foco. “As Normas IFRS não adotam a dupla materialidade. O foco aqui está no público de investidores”, disse Richard Barker, do ISSB, em uma das sessões da Conferência. As divulgações de sustentabilidade devem ser feitas “in accordance” com as Normas S1 por meio de um processo que inclui o estudo de riscos e oportunidades em sustentabilidade, seguindo instruções do documento, e também a definição de indicadores/dados por meio das Normas SASB – incorporadas, junto com o framework <IR>, pela IFRS Foundation. Além delas, pode-se recorrer a orientações setoriais e outros documentos, como as próprias Normas GRI ou os European Sustainability Reporting Standards. “Torcemos para que os países utilizem as Normas como ponto de partida e adicionem suas necessidades locais. Para nós, isso será um indicativo de sucesso, podemos ser a base e não a única referência”, destacou Sue Lloyd, vice-chair do ISSB, no primeiro dia da Conferência. “A Europa é um exemplo de região que está indo à frente em alguns requisitos. Comunicar nossos standards com adicionais regulatórios locais é o objetivo e finalidade do que fizemos no trabalho do ISSB.” Já as Normas S2 são especificamente dedicadas à divulgação de informação relacionada ao clima. Devem ser adotadas em conjunto com a S1 e estão 100% integradas às diretrizes do TCFD – ou seja, um relatório “in accordance” com as Normas IFRS atenderá aos requisitos daquela Força-Tarefa. O diferencial, segundo Sue Lloyd, é a abordagem da IFRS para um olhar mais focado em cada indústria. “A S2 conta com quatro áreas de conteúdo centrais alinhadas ao TCFD: governança, estratégia, gerenciamento de riscos e métricas e metas. Com elas, queremos que a informação seja apresentada com clareza, alertando investidores sobre riscos e oportunidades climáticos que são materiais para eles, podendo afetar a criação de valor no curto, médio e longo prazos.” A S2 é bastante detalhada: solicita informações de efeitos financeiros de questões ligadas ao clima – riscos físicos e de transição, resiliência climática, análise de cenários futuros etc. – e, embora encoraje abordagens qualitativas, solicita sempre que possível a tradução financeira dos riscos. A parte ligada à mensuração e divulgação de emissões se sintoniza ao GHG Protocol, outra forma de simplificar e criar convergência entre normas e frameworks adotados pelas empresas em sua gestão climática. “Será obrigatório reportar suas emissões de escopo 1, 2 e 3 em linha com os conceitos e métodos do GHG Protocol”, afirmou Caroline Clark-Maxwell, do time técnico que desenvolveu a S2. APLICAÇÃO DAS NORMAS E PERÍODO DE TRANSIÇÃO

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