Relato

Proposta da EFRAG simplifica os ESRS e reduz requisitos de reporte

ESRS: o que muda com a proposta de simplificação da EFRAG

Reduções expressivas, reestruturação metodológica e maior alinhamento com padrões internacionais marcam a nova versão dos ESRS apresentada em julho. Por Bárbara Virgili da Costa e Carolina Blois, consultoras em sustentabilidade na Report Em maio de 2025, a Comissão Europeia emitiu à EFRAG um mandato oficial para revisar e simplificar os European Sustainability Reporting Standards (ESRS). A solicitação partiu do reconhecimento de que as normas, ainda que robustas, exigem ajustes para refletir a diversidade de maturidade das empresas frente à agenda de sustentabilidade. Desde então, uma série de reuniões técnicas e públicas culminou na versão 1.6 dos Draft Amended ESRS, apresentada ao longo de julho. O Grupo Report acompanhou de perto esse processo e resume, a seguir, os principais destaques. Cinco eixos da proposta de revisão A proposta de simplificação estrutura-se em torno de seis frentes principais: Simplificação da avaliação de dupla materialidade (DMA); Maior legibilidade e concisão das declarações de sustentabilidade, com melhor integração ao relatório corporativo; Revisão crítica da relação entre os Requisitos Mínimos de Divulgação (MDRs, agora GDRs) e os tópicos temáticos; Melhoria da clareza e acessibilidade do texto normativo; Introdução de medidas de alívio para redução da carga de reporte; Maior interoperabilidade com frameworks internacionais, como o ISSB. Quais reduções já foram feitas? As mudanças anunciadas até aqui já representam um corte relevante nos requisitos de reporte: 58% de redução nos data points obrigatórios (“shall”) 97% de redução nos voluntários (“may”) 26% dos MDRs (agora GDRs) eliminados A proposta não apenas alivia a carga de trabalho das empresas, mas reafirma a lógica de proporcionalidade e materialidade: o foco deve estar no que realmente importa. Normas gerais (ESRS 1 e ESRS 2): estrutura, materialidade e flexibilidade ESRS 1 – Requisitos gerais As mudanças estruturais no ESRS 1 fortalecem a aplicabilidade prática: Os comandos “shall” agora são apresentados como data points separados; As orientações obrigatórias passam a integrar diretamente os itens de divulgação (como os Application Requirements); Os conteúdos não obrigatórios foram transferidos para guias ilustrativos (NMIGs-Non-Mandatory Illustrative Guidance); Introdução do conceito “gross versus net”, que diferencia impactos brutos e líquidos na avaliação de materialidade; Substituição do termo “matter” por “topic” ou “subtopic”.  De forma geral, as empresas passam a contar com mais autonomia para definir o nível de reporte, de acordo com seu contexto e maturidade, bem como uma cobertura proporcional da cadeia de valor e definições mais claras sobre as fronteiras de reporte. Dupla materialidade e fair presentation A nova seção “considerações práticas” reforça a aplicação proporcional da dupla materialidade; A materialidade da informação é reconhecida como filtro central da declaração de sustentabilidade; O conceito de fair presentation (apresentação fiel), oriundo do ISSB, passa a ser incorporado, com foco em relevância e representação verdadeira — tema que gerou debate quanto à maturidade das empresas europeias para aplicá-lo com o mesmo rigor dos relatórios financeiros.  ESRS 2 – Governança, estratégia e modelo de negócios GOV-4 (antigo GOV-5): reduz a granularidade dos relatos narrativos e reforça a compatibilidade com o IFRS S1/S2; SBM-3: duas opções foram apresentadas e serão decididas na consulta pública: Dados financeiros quantitativos obrigatórios, com possibilidade de justificativa e uso de qualitativos; Informações qualitativas obrigatórias e quantitativas opcionais. GDRs substituem MDRs Os novos GDRs só são exigidos se a empresa tiver políticas, metas ou ações sobre o tema — uma mudança importante que respeita o princípio da aderência à realidade. Normas ambientais (ESRS E1 a E5): cortes, clareza e convergência A reunião de 16/07 marcou a apresentação oficial das propostas de simplificação para os padrões ambientais. Abaixo, os principais pontos: Objetivos da revisão ambiental: Redução de requisitos narrativos e métricos em IRO-1, SBM-3 e PATs; Clareza nos indicadores quantitativos (nível 4); Eliminação de redundâncias e aumento da compatibilidade com IFRS. ESRS E1 – Mudança Climática Item Ajuste E1-1 (Plano de Transição) Condensação narrativa e foco em compatibilidade com o cenário de 1,5°C E1-2 (Riscos Climáticos) Incorporação do IRO-1 com categorização temporal simplificada E1-3 (Resiliência) Alinhamento com IFRS S2 e destaque para avaliação quantitativa E1-4 e E1-5 (Políticas e Ações) Evita sobreposição com ESRS 2; adaptação climática realocada E1-6 (Metas) Retira a exigência de “net zero”; amplia flexibilidade para metas por intensidade E1-7 (Energia) Elimina intensidade energética por receita líquida E1-8 (Emissões GEE) Intensidade torna-se voluntária; escopos 1, 2 e 3 permanecem obrigatórios E1-9 (Créditos de Carbono) Exige detalhamento, mas sem vínculo com metas net zero E1-10 (Preço Interno de Carbono) Informações mínimas sobre uso e definição do preço E1-11 (Impactos Financeiros) Redução da complexidade narrativa Reduções no E1: “Shall”: -53% (84 de 196) “May”: -87% (13 de 15) ESRS E2 – Poluição Eliminação do IRO-1 e do E2-6; E2-4 passa a exigir relato sobre microplásticos e emissões atmosféricas sem depender do E-PRTR; Discussões importantes sobre: A ambiguidade no parágrafo AR 4.16(a), que trata de poluentes na cadeia de valor; A ausência de uma lista exemplificativa de poluentes reportáveis; E2-5 diferencia fabricantes de químicos e usuários finais, com base no regulamento REACH. ESRS E3 – Água Restrição a água doce (recursos marinhos fora do escopo direto); E3-4 torna obrigatória a caracterização do balanço hídrico em áreas críticas (de “may” para “shall”); Debate aberto: o balanço hídrico deve incluir a cadeia de valor? ESRS E4 – Biodiversidade e Ecossistemas E4-1 exige plano de transição em conformidade com o Kunming-Montreal Global Biodiversity Framework; E4-5 solicita identificação apenas dos sites mais relevantes, dispensando relato universal. ESRS E5 – Recursos e Economia Circular E5-4 introduz os “materiais-chave” e faz referência ao Critical Raw Material Act; E5-5 flexibiliza métricas de reciclabilidade e descarte, com destaque para reuso e segmentação por tipo de resíduo. Reduções entre E2 e E5: “Shall”: -67% (89 de 170) “May”: -100% Normas sociais (S1 a S4) e governança (G1): foco em princípios e coerência A simplificação dos padrões sociais reflete um movimento mais profundo: redução de volume, eliminação de repetições e adoção de abordagens baseadas em princípios. Diretrizes gerais da revisão social Redução da complexidade da avaliação de dupla materialidade Convergência com o relatório corporativo Reavaliação crítica dos requisitos mínimos Clareza textual Dispensas com base em ônus

O estudo “Perspectiva ESG”, desenvolvido pelo time de Finanças Sustentáveis da Report, foca sua segunda edição em bioenergia e oferece aos investidores uma análise objetiva das principais empresas do setor

Perspectiva ESG Bioenergia: atuação setorial frente a riscos e impactos socioambientais

Investidores têm priorizado o equilíbrio entre retorno financeiro e impacto positivo. Com o aumento da relevância do desempenho das empresas em critérios ESG, também se intensifica a complexidade na avaliação da sua maturidade nesses temas, incluindo seus riscos e impactos sociais, climáticos e ambientais. O estudo “Perspectiva ESG”, desenvolvido pelo time de Finanças Sustentáveis da Report, foca sua segunda edição em bioenergia e oferece aos investidores uma análise objetiva das principais empresas do setor, facilitando a compreensão e comparabilidade de sua maturidade ESG. Entender o desempenho ESG de uma empresa é possível avaliando a qualidade e a robustez das suas estratégias de mitigação de riscos e das iniciativas de impacto positivo. A diversidade de padrões de reporte, como GRI, SASB e IFRS, tem tornado esse processo mais complexo, gerando relatórios extensos que nem sempre destacam com clareza as informações essenciais.  O “Perspectiva ESG” atende a essa necessidade ao estruturar informações do desempenho ESG das empresas de forma objetiva e comparativa, com base no Score ESG, ferramenta exclusiva que avalia temas críticos setoriais como mudanças climáticas, gestão de água e efluentes, biodiversidade e ética e compliance. Isso permite aos investidores uma visão concisa e comparável das práticas de sustentabilidade, facilitando a tomada de decisões fundamentadas.   Principais Destaques 1. Score ESG: A metodologia do Score ESG estabelece comparabilidade e classifica empresas de acordo com a sua exposição a riscos e capacidade de gestão de temas materiais.    2. Desempenho das Empresas: O estudo oferece uma análise detalhada de como as principais empresas do setor de bioenergia estão gerindo questões como biodiversidade, mudanças climáticas e relacionamento com comunidades. Empresas como Raízen e Jalles Machado se destacam, mas todas as dez maiores empresas estão presentes na análise, proporcionando uma visão ampla e setorial. 3. Compromissos e Metas de Sustentabilidade: O estudo detalha as metas públicas das empresas, incluindo o objetivo de alcançar desmatamento zero, rastreabilidade e melhorias em eficiência hídrica e energética. Esse aspecto é especialmente útil para investidores que priorizam compromissos com métricas ESG claras e bem definidas. Baixe agora o “Perspectiva ESG” e tenha em mãos uma análise concisa, objetiva e fundamentada da maturidade ESG do setor de bioenergia brasileiro. Seja para avaliar riscos, identificar oportunidades de melhoria ou alinhar estratégias de investimento responsável, o estudo oferece insights valiosos para uma análise mais robusta e focada. 

O estudo "Perspectiva ESG", desenvolvido pelo time de Finanças Sustentáveis da Report, foca sua segunda edição em bioenergia e oferece aos investidores uma análise objetiva das principais empresas do setor, facilitando a compreensão e comparabilidade de sua maturidade ESG.

COP 16 Biodiversidade: Impactos, riscos e oportunidades

A biodiversidade é a nova fronteira nas discussões estratégicas de sustentabilidade.  Apesar de histórica por reunir um grande número de participantes, a COP 16, realizada em Cali, foi concluída sem que os países chegassem a um consenso sobre como serão financiados os projetos para alcançar as chamadas “metas da natureza”. Na prática, dos US$ 20 bilhões anuais que seriam alocados em um fundo global para esse fim, apenas 2% foram mobilizados no total até agora. A eliminação de US$ 500 bilhões em subsídios dos governos para atividades de impacto negativo, como desmatamento e combustíveis fósseis, ficou à margem das discussões. Continua também o impasse sobre a governança dos instrumentos multilaterais de financiamento. Os países em desenvolvimento demandam mais poder de decisão sobre a utilização dos recursos, compatível com o volume de biodiversidade que concentram em seus territórios. Entre as boas notícias, porém, esteve a garantia da participação permanente de indígenas e comunidades locais na convenção, além do reconhecimento da importância dos saberes tradicionais da população afrodescendente. A criação do Fundo Cali, mecanismo multilateral que vai receber os pagamentos da repartição de lucros obtidos com o uso do sequenciamento digital do “DNA da natureza”, irá destinar a essas comunidades metade dos recursos arrecadados, pelos seus serviços de conservação e conhecimento. Os oceanos também ganharam mais mecanismos de proteção, com a classificação de novas áreas marinhas como ecologicamente significativas e, portanto, incluídas nas metas de preservação até 2030. O chamado para as empresas Mesmo com a diplomacia ainda patinando, aumentaram consideravelmente as expectativas dos stakeholders para que as empresas revisitem a gestão dos negócios, assumindo compromissos e demonstrando com transparência suas práticas de proteção e restauração dos ecossistemas, bem como o uso sustentável dos recursos naturais terrestres e marinhos. Não há caminho possível e confiável para o net zero sem a natureza. Afinal,  mudanças climáticas e biodiversidade são interdependentes e ambas requerem a aceleração de iniciativas para atingir tanto as metas do Acordo de Paris quanto as do Marco Global de Biodiversidade Kunming-Montreal. “Assim como as mudanças climáticas ganharam um caráter universal e transversal, a biodiversidade vai assumindo o papel de co-protagonista na mudança das relações entre a humanidade e o meio ambiente. As empresas estão conclamadas a contribuir para o atingimento dessas metas globais, além de incorporar a natureza na gestão de riscos financeiros”, avalia Renata Vallim, consultora de sustentabilidade do Grupo Report. Além dos impactos externos dos negócios na perda de biodiversidade, é cada vez maior o reconhecimento de que a resiliência dos ecossistemas também é um fator de risco financeiro. Por isso, GRI, TNFD, ISSB e o CDP estão trabalhando em conjunto para desenvolver normas e estruturas que atendam à demanda de relato de forma eficiente, simples e, principalmente, com sinergia. Como relatar a biodiversidade? 1. Aplique a dupla materialidade Identifique tanto os impactos positivos e negativos dos negócios na biodiversidade quanto os riscos financeiros e oportunidades aos quais a empresa está exposta com relação ao tema. Assim, você estabelece os fundamentos para o processo de relato. 2. Comece com o GRI Adote desde já o novo caderno GRI 101: Biodiversidade, lançado no início de 2024, com adoção obrigatória a partir de 2026. Ele substitui o documento anterior GRI 304-1 de 2016, com novos indicadores, maior abrangência e complexidade. Ele ajuda a entender quais decisões e práticas de negócios levam à perda de biodiversidade, onde esses impactos acontecem na cadeia de valor e como eles podem ser gerenciados. Dada a importância da América Latina para a biodiversidade, a GRI lançou durante a COP 16 as versões em português e espanhol da nova norma. 3. Complemente com o TNFD Uma vez aplicada a perspectiva do GRI, complemente o relato com as recomendações da TNFD, a Força-Tarefa para Divulgações Financeiras Relacionadas à Natureza, lançadas em 2023. Ela orienta o mapeamento das dependências e dos riscos e oportunidades relacionados à biodiversidade que impactam a materialidade financeira da empresa.  Em 2024, a TNFD publicou o mapa da sua interoperabilidade com as normas GRI.  Durante a COP 16, a força-tarefa divulgou para consulta pública a primeira proposta de recomendações para a elaboração dos planos de transição em biodiversidade, nos mesmos moldes do que vem sendo adotado para as mudanças climáticas. Elaborado em conjunto com a Aliança Financeira de Glasgow para o Net Zero (GFANZ) e outros parceiros, o documento propõe as metas, ações, medidas de responsabilização e recursos que as empresas devem priorizar para alinhar seus esforços com as metas globais e relatá-los da melhor forma. 4. Prepare-se para a futura IFRS S3 Tanto a GRI quanto a TNFD estão colaborando estreitamente com o International Sustainability Standards Board (ISSB) no projeto de pesquisa sobre biodiversidade e ecossistemas. A expectativa é de que os aprendizados e experiências sejam utilizados na elaboração das futuras normas de contabilidade IFRS S3, que tratará dos riscos financeiros relacionados à biodiversidade. 5. A contribuição do CDP A TNFD e o CDP assinaram um acordo de colaboração para o alinhamento dos dados coletados pelas duas iniciativas, com a incorporação total das recomendações da TNFD na plataforma do CDP. Mais de um terço das empresas que utilizam o CDP já divulgam informações relacionadas à natureza, como o uso da água. No entanto, apenas 10% delas já mapearam suas dependências em biodiversidade.

Saiba como a Força-Tarefa para Divulgações Relacionadas à Natureza (TNFD) ajuda a integrar a sustentabilidade às decisões empresariais.

TNFD: A Nova Fronteira da Transparência Corporativa

Saiba como a Força-Tarefa para Divulgações Relacionadas à Natureza (TNFD) ajuda a integrar a sustentabilidade às decisões empresariais.Por Renata Vallim A Força-Tarefa para Divulgações Financeiras Relacionadas à Natureza (TNFD) é uma iniciativa global, baseada no mercado e orientada pela ciência, que visa desenvolver um quadro estruturado para que as empresas e instituições financeiras identifiquem, avaliem, gerenciem e divulguem os riscos e oportunidades relacionados à natureza em suas operações.  Inspirada na Força-Tarefa para Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD), e na IFRS – ISSB (S1 e S2), a TNFD foi criada em 2021 para abordar a necessidade crítica de relatórios relacionados à natureza, semelhante ao que a TCFD fez em relação às mudanças climáticas. A TNFD ganhou o apoio de governos, instituições financeiras e empresas ao redor do mundo, pois busca aumentar a transparência e a responsabilidade corporativa, alinhando as ações de negócios com a preservação da biodiversidade e a gestão de recursos naturais. O propósito da TNFD é incorporar questões relacionadas à natureza na tomada de decisão corporativa, reconhecendo que a perda da biodiversidade e a degradação dos ecossistemas representam riscos materiais significativos para empresas e investidores. As atividades econômicas muitas vezes dependem diretamente de serviços ecossistêmicos, como a polinização, a qualidade da água e a saúde do solo, e qualquer alteração nesses sistemas pode ter impactos negativos nos negócios. Portanto, a TNFD oferece um modelo para que as empresas mostrem como suas operações impactam e dependem da natureza, e como estão mitigando esses riscos. Estrutura e Pilares da TNFD A estrutura de divulgação da TNFD é organizada em quatro pilares principais: Governança, Estratégia, Gestão de Riscos e Impactos e Métricas e Metas. Esses pilares são baseados nas recomendações da TCFD e foram desenvolvidos para garantir que as empresas possam adotar práticas consistentes de relato sobre a natureza, enquanto integram essas práticas em seus processos de negócios e estratégias de sustentabilidade. 1. Governança: As organizações são incentivadas a divulgar a governança interna em torno de suas dependências e impactos relacionados à natureza. Isso inclui quem é responsável por supervisionar os riscos e oportunidades associados à natureza, e como as decisões relacionadas são integradas aos processos de governança corporativa. 2. Estratégia: As empresas devem divulgar como as questões relacionadas à natureza impactam seu modelo de negócios e estratégia, assim como o planejamento financeiro de curto, médio e longo prazo. Aqui, a TNFD destaca a importância de integrar a natureza as operações da empresa, considerando como as mudanças nos ecossistemas ou as novas regulações ambientais podem afetar a continuidade dos negócios. 3. Gestão de Riscos e Impactos: Este pilar incentiva as organizações a detalharem os processos usados para identificar, avaliar, priorizar e monitorar os riscos e impactos relacionados à natureza. O foco é garantir que as empresas não só identifiquem seus impactos diretos sobre a biodiversidade, mas também suas dependências de serviços ecossistêmicos. 4. Métricas e Metas: Finalmente, as empresas devem divulgar as métricas e metas que utilizam para medir e gerenciar os riscos e oportunidades materiais relacionados à natureza. Isso envolve definir metas claras e mensuráveis para melhorar o desempenho ambiental e garantir que haja um acompanhamento rigoroso dos resultados ao longo do tempo.   Conceito LEAP: Abordagem Estrutural da TNFD Um dos conceitos mais importantes dentro da estrutura da TNFD é a abordagem LEAP, que significa Locate, Evaluate, Assess, Prepare (Localizar, estimar, avaliar e preparar). Essa abordagem foi desenvolvida com base em metodologias e ferramentas já existentes e foi testada por mais de 240 organizações durante a fase de desenvolvimento da TNFD. Ela ajuda as empresas a identificar suas interações com a natureza em quatro etapas: • Locate (Localizar): Identificar as localizações geográficas de suas interações com a natureza, como áreas onde há uma dependência crítica dos serviços ecossistêmicos ou onde as operações geram impactos significativos. • Evaluate (Estimar): Estimar as dependências e impactos das operações da empresa sobre a biodiversidade nos ecossistemas e serviços naturais nesses locais identificados. • Assess (Avaliar): Avaliar os riscos e oportunidades financeiros relacionados a essas dependências e impactos, considerando também os horizontes temporais de curto, médio e longo prazo. • Prepare (Preparar): Preparar respostas estratégicas para gerenciar os riscos, mitigar os impactos e capturar oportunidades, além de definir as metas apropriadas para garantir a gestão contínua. A abordagem LEAP é flexível e pode ser adaptada às necessidades de cada organização, servindo como uma lista de verificação que garanta que todos os aspectos relevantes da natureza sejam considerados. Além disso, a TNFD sugere que as empresas usem essa abordagem para integrar as suas divulgações com outros padrões de relatórios de sustentabilidade, como os European Sustainability Reporting Standards (ESRS), aumentando a interoperabilidade entre diferentes frameworks.   Requisitos Gerais da TNFD Além de seguir os pilares estruturais e a abordagem LEAP, a TNFD exige que as empresas atendam a seis requisitos gerais que ajudam a garantir a consistência e a qualidade das informações divulgadas: 1. Materialidade: As organizações devem definir claramente a abordagem de materialidade que utilizam, sem uma materialidade imposta pela TNFD. Cada empresa deve avaliar o que é material de acordo com seu contexto específico. 2. Escopo de Divulgação: É necessário definir claramente o escopo da avaliação e divulgação relacionadas à natureza, incluindo o processo seguido para determinar esse escopo. 3. Localização Geográfica: As empresas devem divulgar as localizações geográficas onde suas operações interagem com a natureza, como regiões de alta biodiversidade ou áreas críticas para os ecossistemas. 4. Integração: As divulgações relacionadas à natureza devem ser integradas a outras divulgações financeiras e de sustentabilidade, promovendo uma visão total das operações e riscos da empresa. 5. Horizontes Temporais: As empresas devem definir os horizontes temporais usados para avaliar riscos e oportunidades relacionados à natureza, considerando tanto o curto, médio e longo prazo. Engajamento com Stakeholders: A TNFD destaca a importância de envolver partes interessadas, como povos indígenas e comunidades locais, para garantir que suas preocupações e prioridades sejam consideradas.   A Importância da TNFD na Atualidade A adoção das recomendações da TNFD é fundamental para que as empresas se alinhem às demandas globais por

A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) se destaca na adoção das normas IFRS 2, desenvolvidas pelo ISSB, com o apoio da Report. As normas IFRS, lançadas em 2023, visam transformar os relatórios de desempenho climático globalmente. A CBA seguiu também as diretrizes da TCFD em seu "Reporte da Agenda Climática 2023", consolidando práticas de transparência e gestão climática. A partir de 2026, a adoção das IFRS será obrigatória no Brasil para companhias listadas, segundo regulamentação da CVM.

Relato climático: do TCFD ao IFRS S2

Em meio a uma diversidade de normas, diretrizes e regulações emergentes, não é por acaso que as boas práticas de mensuração, gestão da informação e transparência também orientam e embasam os processos de relato sobre as mudanças climáticas. Algumas empresas estão mostrando o caminho a ser percorrido, como aquelas que respondem ao questionário do Carbon Disclosure Project (CDP) e conquistam a pontuação máxima (A). Os resultados atingidos pela chamada “A List” indicam que ações concretas tomadas para enfrentar as mudanças climáticas são compatíveis e colaboram com o sucesso nos negócios. A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) é um dos destaques do CDP e tem      como prática a divulgação de relatórios climáticos. Com o apoio da Report,      publicou seu “Reporte da Agenda Climática 2023”, com uma visão abrangente e transparente de sua gestão. O documento segue as orientações da Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD), estrutura internacional que reúne recomendações para a divulgação de informações financeiras relacionadas a riscos e oportunidades climáticas, com foco na transparência e resiliência financeira. Mas as iniciativas de relato da CBA não pararam por aí: também com o apoio da Report, a empresa conduziu, em paralelo, um diagnóstico de aderência às normas IFRS 2, desenvolvidas pelo International Sustainability Standards Board (ISSB). Lançadas em junho de 2023, as normas IFRS irão transformar o ecossistema de relatos de desempenho ao redor do mundo, como publicamos aqui no blog. Juliane Camolezi, da equipe de Jornada Climática, explica que a Report atuou diretamente na avaliação de materiais internos e públicos e na orientação dos gestores responsáveis na CBA pelas informações necessárias, além da condução da análise para a transição às exigências da IFRS S2. “Nosso trabalho garantiu a precisão e a qualidade dos dados reportados, resultando em um relatório robusto e alinhado às recomendações da TCFD. O projeto foi uma experiência enriquecedora, culminando em um relatório de alta qualidade que reflete o compromisso da CBA com a transparência e a responsabilidade ambiental. Estamos animados em iniciar um novo ciclo de relatório com a CBA, agora com um foco maior nas diretrizes do IFRS S2, reforçando nosso compromisso em ajudar nossos clientes a atenderem às exigências regulatórias e promoverem a resiliência climática”, avalia. Próximos passos no relato climático O Brasil, por meio da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), foi um dos primeiros mercados a regular a adoção local das normas IFRS 1 e IFRS 2 pelas companhias listadas no país, em outubro de 2023. Para os anos-base de 2023 a 2025, a adesão é voluntária. Já para o período que se inicia em 1º de janeiro de 2026, elas devem obrigatoriamente fazer parte do conjunto de divulgação das informações financeiras das companhias abertas, fundos de investimentos e companhias securitizadoras. Ao mesmo tempo, pesquisa realizada pela Report com empresas que compunham a carteira do ISE de 2022 revelou que 74,6% delas já adotavam o TCFD contra 52,9% do ano anterior. A boa notícia é que a IFRS 2 consolida as diretrizes preconizadas pelo TCFD, usando como base os mesmos instrumentos já disponíveis de gestão climática e mensuração de emissões. Com isso, em 2023, o TCFD anunciou o encerramento de seus trabalhos e delegou o acompanhamento das diretrizes para a IFRS.    • Empresas que até o ano-base de 2023 já relatavam usando as orientações do TCFD: ○ Realizar o diagnóstico de aderência de conformidade com as normas IFRS; ○ Para os anos-base 2024 e 2025, dar início ao relato em conformidade com a IFRS S1 e S2 como fase de preparação e entendimento das diretrizes, que ainda não serão obrigatórias; ○ Para 2026, publicar efetivamente de acordo com as normas, seguindo as melhores práticas de mercado e atendendo à obrigatoriedade da CVM. • Empresas que até 2023 ainda não publicaram seu relato climático: ○ Iniciar sua jornada de relato diretamente pelas normas IFRS 2.

Os relatórios produzidos pela Report são concebidos para possibilitar o acesso, utilização e compreensão facilitada do conteúdo por pessoas com deficiência ou alguma limitação de uso da Internet.

Acessibilidade digital nos relatórios de sustentabilidade

Adotar diretrizes de acessibilidade digital é uma prática intimamente ligada a políticas e programas de inclusão e diversidade das empresas. Não só do ponto de vista de atração e retenção de talentos, mas também da promoção de uma cultura inclusiva, empática e participativa, com maior engajamento de stakeholders, incluindo consumidores. Isso não é diferente com a comunicação da sustentabilidade. A estimativa é de que 18,6 milhões de brasileiros maiores de 2 anos, cerca de 9% da população nessa faixa etária, sejam pessoas com algum tipo de deficiência física, mental, intelectual ou sensorial, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada em 2022. Para além dos requisitos previstos na legislação brasileira, que assegura o direito de todos à informação e à comunicação, estar atento à acessibilidade deve fazer parte das preocupações do pilar social de qualquer estratégia de sustentabilidade.  Como meu relatório pode ser mais acessível? Os relatórios produzidos pela Report são concebidos para possibilitar o acesso, utilização e compreensão facilitada do conteúdo por pessoas com deficiência ou alguma limitação de uso da Internet. Ancorado nos princípios de design universal, por trás de qualquer website há um time de especialistas que zela por desenvolver um código de alta qualidade que, além de proporcionar páginas responsivas e de fácil carregamento, adapta-se sem erros às mudanças ativadas pelos usuários durante a navegação, por meio dos diversos plug-ins de acessibilidade ou tecnologia assistida. Entre as entregas de acessibilidade digital de qualquer relatório produzido pela Report estão: • Planejamento de design que facilite a leitura, com hierarquia clara para a identificação dos elementos e a relação entre eles, como títulos, listas, tabelas e outros;  • Uso de fontes maiores e preferencialmente sem serifa, páginas estruturadas que relacionam cada imagem ao respectivo texto, inserção de descrição do conteúdo das imagens, e textos facilmente interpretados por ferramentas de “leitura de tela” para pessoas com deficiência visual; • Plug-in com pacote de ferramentas de acessibilidade, incluindo aumento e espaçamento de texto, contraste e inversão de cores, leitor de tela, pausa de animações, saturação e a funcionalidade “dislexia amigável”; • Integração do VLibras, ferramenta do Governo Federal que traduz conteúdos digitais em língua portuguesa para a linguagem de sinais; • Geração de arquivos PDF acessíveis, com configuração adequada de títulos, tags e textos alternativos, e o tratamento de textos em imagens; • Acompanhamento das Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo Web (WCAG 2.1), em nível internacional, e do Modelo de Acessibilidade em Governo Eletrônico (eMAG), em nível nacional; • Uso de códigos nos padrões W3C (World Wide Web Consortium) para HTML e CSS. Procure nossa equipe técnica para mais informações sobre como planejar e adequar seus relatórios e promover uma comunicação de sustentabilidade mais inclusiva. Estamos preparados e flexíveis para desenvolver projetos customizados e incorporar ferramentas adicionais que facilitarão a interação com uma parcela maior do seu público leitor.

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