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Empresas discutem na COP30 transição e adaptação em parceria com comunidades de entorno

Lidar com as mudanças climáticas tanto nos eixos de adaptação, com investimentos em segurança e resiliência, quanto na busca de redução de impacto, descarbonização e inovação social foi um tema constante na COP30 em Belém (PA). Com foco em debater exemplos concretos e caminhos dessa agenda, o diretor-executivo de Estratégia e Clima do Grupo Report, Victor Netto, participou como moderador do painel “Territórios resilientes: justiça climática, comunidades e novos modelos de desenvolvimento”. Organizado na Casa EY, o encontro teve participação representantes do Instituto Votorantim e de empresas como CBA, Citrosuco e Reservas Votorantim. Formação de mão de obra local, entendimento de fragilidades territoriais a eventos extremos ligados à mudança do clima, fomento ao ecoturismo e regeneração, diversificação de fontes de renda. Esses são alguns dos assuntos citados como convergentes na hora de avaliar o que empresas devem fazer junto das comunidades em que estão inseridas, com ganhos mútuos que vãodas cadeias de suprimentos às relações institucionais. “O que está em debate aqui é a integração empresa-território, com uma visão de valor compartilhado que dialogue com o modelo de negócio e adapte os conceitos de resiliência, transição, adaptação à realidade dos negócios e,principalmente, de cada comunidade”, ponderou Netto. O olhar para a cadeia de produtores e fornecedores foi um dos pontos de maior debate, integrando gestão de risco e criação de soluções alinhadas às metas de descarbonização e impacto positivo das empresas. A Citrosuco trouxe comoexemplo seu recém-anunciado programa de apoio a fornecedores não apenas na lida com as mudanças climáticas, mas também na geração de pomares regenerativos. Junto das linhas de crédito especiais, a companhia de citricultura assumiu custos de certificação com seus parceiros e, em parceria com o Itaú BBA, facilita o acesso a crédito e recursos. “Além de ser um caminho de adaptação, o projeto permite a obtenção de recursos com créditos de carbono que são aplicados em projetos regenerativos com a nossa assessoria técnica”, afirmouJullie Lucon, Especialista de Negócios de Carbono da Citrosuco. Mapeando riscos e caminhos de desenvolvimento Entre as iniciativas citadas de adaptação e busca de resiliência diante de eventos extremos, como chuvas intensas, inundações e secas, a CBA, do setor de metalurgia e mineração, relatou ter desenvolvido um índice de vulnerabilidade para os territórios em que a empresa mantém operações. A ideia é entender como cada comunidade está exposta de modo particular àsmudanças do clima e, com isso, definir prioridades e meios de mitigação de riscos que ao fim do dia afetam diretamente os negócios. “Precisamos entender as unidades mais expostas aos riscos climáticos e atuar com os municípios onde estamos presentes, inclusive porque nossosfuncionários e parceiros também estão nesses territórios”, comentou Ligia Carvalho, coordenadora de sustentabilidade da CBA. “Validamos esse entendimento com o conselho da companhia, para nos adaptarmos a eventos extremos com uma priorização coerente de investimentos.” Tatiana Motta, coordenadora de Projetos e Carbono da Reservas Votorantim, ressaltou que o relacionamento com os municípios também deve contribuir com o fortalecimento das vocações de cada região. Deu como exemplo o Legado das Águas, reserva privada de Mata Atlântica mantida pela Reservas Votorantim com 31 mil hectares, entre os municípios de Juquiá, Miracatu e Tapiraí, no Vale do Ribeira, em São Paulo. “Vimos isso na prática: o município precisa se preparar e tornar visíveis seus diferenciais. Então nossa contribuição vai além do aporte de recursos e envolve uma interface forte com municípios e moradores da região para atrair novos empreendimentos e atividades”, diz Tatiana. “Cada município está em um momento, em uma fase. Nosso papel é buscar observar como o clima afeta cada localidade e discutir e apoiar as soluções mais adequadas, sem impor modelos”, reforçou Rodolfo Mota, coordenador doPrograma de Apoio à Gestão Pública do Instituto Votorantim. Guto Lobato, gerente-executivo de educação corporativa, membro da comitiva Report na COP30

Finanças sustentáveis e a transição climática no Brasil: lições de um fórum estratégico

Em um dos eventos paralelos que ocorreram na COP 30 na Casa do Seguro, iniciativa da CNseg, ANBIMA e Febraban, o Fórum de Finanças Sustentáveis reuniu representantes do governo, setor financeiro, seguradoras e organismos multilaterais para debater estratégias para o financiamento da transição climática e o fortalecimento do papel do setor financeiro na construção de uma economia de baixo carbono.   Logo na abertura, a discussão sobre seguro rural foi usada como exemplo de como os efeitos da mudança do clima já pressionam o agronegócio e o planejamento de safra. Foi mencionado que está em desenvolvimento um desenho de seguro rural, com foco em cobrir melhor os riscos climáticos aos quais o setor do agronegócio está exposto e que tendem a se intensificar, reconhecendo o seguro como instrumento central de adaptação, e não apenas de proteção financeira tradicional. Além disso, representantes do governo apresentaram um conjunto de instrumentos recentes em finanças sustentáveis, como as emissões de títulos soberanos verdes, a Taxonomia Sustentável Brasileira, o Eco Invest e a criação da Secretaria Extraordinária do Mercado de Carbono, demonstrando que o Brasil tem avançado de forma significativa na construção de uma infraestrutura financeira mais robusta para acompanhar a transição, tanto do lado regulatório quanto do lado da mobilização de capital privado. Outro tema do debate foi a formação de uma coalizão aberta de mercado de carbono entre Brasil, China e União Europeia, que foi mencionado como relevante por fortalecer o diálogo multilateral diante do cenário geopolítico atual. E, além do fortalecimento do multilateralismo, o mercado de carbono brasileiro demonstra a capacidade e oportunidade do Brasil em dialogar com outros países em pé de igualdade, considerando sistemas de monitoramento, relato e verificação, contabilidade de carbono em nível de produto e mecanismos de ajustes de fronteira, como o CBAM. Nas discussões sobre o Plano de Transformação Ecológica e como o setor financeiro tem contribuído, o foco foi reconhecer os avanços recentes, mas deixando claro que tem diversas lacunas que precisam ser fechadas para os projetos seguirem bem, sobretudo encontrando soluções em conjunto. Nesse sentido, destacaram que existem projetos de interesse nacional, mas que ainda não avançaram pela necessidade de avançar em seguros e contratos de off-take, assim como capital catalítico para atrair os investidores e financiadores e atender a lógica de risco-retorno desses públicos. Com isso, o “espírito de mutirão” citado pelo Dan Ioschpe ao longo da COP 30 se encaixa perfeitamente, tendo em vista a necessidade de considerar cada elo da cadeia de valor para o sucesso da agenda, incluindo financiamento, seguro, cadeia produtiva e infraestrutura, de uma forma estruturada e organizada para ser eficiente e destravar a implementação. Ao abordar os motivos que ainda limitam a atração de capital, lembrou-se que o desenvolvimento socioeconômico brasileiro historicamente não incorporou plenamente a sustentabilidade, apesar do país ter um bônus competitivo em recursos naturais e potencial de descarbonização. Diante disso, foi levantado que o Brasil ainda precisa transformar seu potencial em carteira estruturada de projetos, com governança, modelagem financeira adequada e mecanismos de mitigação de risco. Assim, a COP 30 é vista como um grande chamado para implementação, considerando a lógica de que, se houver bons projetos e capacidade de entrega, os recursos tendem a aparecer. Já nas discussões sobre florestas e bioeconomia, o foco naturalmente voltou-se para a Amazônia, reforçando a ideia de que os instrumentos financeiros devem reconhecer o valor da floresta em pé, tanto como infraestrutura verde quanto ativo para resiliência e adaptação climática. Com isso, o TFFF foi mencionado como um dos grandes anúncios da COP30 justamente por romper com a lógica tradicional de doação e se estruturar como um mecanismo de investimento. Em relação às áreas públicas, o representante do Serviço Florestal Brasileiro destacou que existem programas de manejo florestal nas terras públicas federais que podem ser importantes para fornecer a madeira que o mercado demanda, sendo uma das soluções para gerar renda de forma legal, gerando empregos e reduzindo a pressão sobre áreas irregulares. Contudo, permanece a lacuna de seguros específicos para projetos de restauração em larga escala, o que limita a expansão de algumas iniciativas. Já na esfera privada, a bioeconomia é vista como o caminho para gerar renda a partir da floresta, especialmente por meio de cadeias de óleos, frutos e sementes amazônicas. No entanto, a dúvida que parece permanecer entre os investidores é em relação à existência de garantias adequadas para proteger esses projetos de eventos climáticos ou outras perturbações externas. Sem instrumentos apropriados de seguro e financiamento, o risco continua maior para quem tenta atuar de forma sustentável. Ao longo das discussões, foram mencionadas iniciativas que buscam ampliar o acesso a garantias para comunidades que vivem na floresta. Apesar dos avanços, o tema não foi central no debate, evidenciando que ainda há um caminho para amadurecer essa agenda e assegurar que os recursos cheguem justamente a quem mantém a floresta em pé. Tainara Sobrero consultora de sustentabilidade e estratégia, integrante da comitiva Report na COP30

Colaboração e coalizões para um futuro sustentável

Diante dos desafios globais que enfrentamos da crise climática às desigualdades sociais e considerando que a COP 30 vendo sendo reconhecida como a COP da implementação, torna-se cada vez mais evidente que nenhuma organização, governo ou indivíduo conseguirá avançar sozinho. O mundo exige colaboração, capacidade de escuta e a construção de coalizões fortes, capazes de alinhar visões, recursos e competências diversas em torno de um propósito comum. Construir um futuro melhor depende de reconhecermos que as soluções não estão em uma única mesa, mas na soma de múltiplas perspectivas. É na interseção entre setores, países, governos, culturas, saberes e experiências que surgem as respostas mais inovadoras e eficazes. Por isso, cada parceria é mais que uma união de esforços: é um convite para pensar diferente, criar junto e agir com mais impacto. Coalizões não são apenas alianças formais, são espaços de responsabilidade compartilhada. São ambientes de alinhamento antes da ação, onde divergências viram aprendizado e onde o compromisso coletivo permite avançar muito além do que qualquer iniciativa isolada. Abaixo estão listadas coalizões e colaborações que já apareceram na primeira semana de COP 30. Colaboração espacial para combate ao desmatamentoEspecialistas de agências espaciais internacionais participaram de uma mesa-redonda na Casa da Ciência, em Belém, discutindo a criação de uma coalizão espacial para monitoramento e combate ao desmatamento. Representantes de Austrália, Reino Unido e Gabão reforçaram a importância da cooperação científica internacional diante da velocidade das mudanças climáticas. Como disse Aboubakar Mambimba, diretor-geral da Agência Gabonesa para Estudos e Observações Espaciais: “Precisamos unir pessoas capacitadas para manter de pé nossas florestas, independentemente do país.” Coalizão Brasil Clima, Florestas e AgriculturaA coalizão lançou a publicação “Propostas para uma Transição Climática Global para o Setor do Uso da Terra”, apresentando dez medidas estruturadas nos três pilares da Agenda de Ação da COP 30. Reunindo mais de 400 representantes do agronegócio, setor financeiro, sociedade civil e academia, a Coalizão demonstra que é possível integrar competitividade agrícola, conservação ambiental, responsabilidade climática e inclusão social. Cooperação global para redução de metanoO Ministério da Agricultura e Pecuária, Embrapa Suínos e Aves e o Instituto 17 apresentaram um guia inédito com práticas, tecnologias e recomendações para orientar políticas públicas e estratégias nacionais de redução de metano. A iniciativa foi destacada como passo importante para fortalecer a cooperação técnica entre países. Capitals CoalitionCom ambição para 2035, a coligação busca incorporar o valor de todos os capitais — natural, social, humano e produzido — nas decisões financeiras e empresariais. O trabalho envolve a colaboração com contadores, reguladores e tomadores de decisão para construir confiança e credibilidade na integração dos capitais como base operacional de mercados e políticas. Coalizão Aberta de Mercados Regulados de CarbonoUma iniciativa colaborativa voltada à troca de experiências sobre precificação de carbono, sistemas de MRV (Monitoramento, Reporte e Verificação), metodologias de contabilidade e regras para uso de créditos de alta integridade. Seu objetivo é fortalecer a ambição, efetividade e equidade dos mercados regulados de carbono como instrumentos essenciais para o cumprimento das NDCs no âmbito do Acordo de Paris. A declaração já foi endossada por Brasil, China, União Europeia, Reino Unido, Canadá, Chile, Alemanha, México, Armênia, Zâmbia, França e Ruanda e permanece aberta a novas adesões. O papel do setor empresarial Mobilizar o setor empresarial em ações coletivas, projetos e capacitações de mitigação e adaptação climática é fundamental para catalisar a integração da agenda climática nas estratégias corporativas, acelerando a transição do Brasil para uma economia resiliente e net-zero, de forma transparente, justa e inclusiva.   Mensagem da Presidência da COP 30, na nona carta “Embora a janela de oportunidade esteja se estreitando, manter vivo o objetivo de 1,5 °C ainda é possível — desde que a cooperação internacional seja direcionada para catalisar círculos virtuosos de transformação acelerada. Este é o momento de transformar o risco de pontos de inflexão planetários em oportunidade para uma guinada global.” Na COP 30, a resposta coletiva à urgência climática precisa se materializar por meio da implementação acelerada, da solidariedade e da cooperação internacional. Rachel AlvesGerente executiva de consultoria, integrante da Comitiva Report na COP30 

A comunicação em sustentabilidade é essencialmente conectada aos stakeholders

É crescente o movimento em que as empresas passam a considerar os interesses de toda a sociedade, para além dos próprios. Diante do capitalismo de stakeholders, o profissional de comunicação ganha protagonismo; entenda Para desenvolver o assunto de que vamos tratar neste artigo, vamos relembrar três casos. No primeiro, o Greenpeace divulga um vídeo com críticas a uma gigante do setor alimentício por comprar óleo de palma de companhias predatórias da floresta tropical – ilustradas por imagens de um orangotango com dedos ensanguentados. Ao invés de enfrentar a situação, a marca criticada opta pela censura ao vídeo. O conteúdo, é claro, viraliza. No segundo caso, uma varejista internacional de grande porte no mundo da moda publica a imagem, em seu site, de um menino negro usando um moletom no qual se pode ler: “coolest monkey in the jungle” (ou “o macaco mais legal da floresta”). A imagem, naturalmente, gera uma onda de críticas online. Já no terceiro, o presidente de uma petrolífera afirma, durante uma visita a moradores da Costa do Golfo em meio ao pior vazamento de óleo da história dos EUA, que gostaria de retomar sua vida. A fala passa a estampar manchetes ao redor do mundo e revela um porta-voz, no mínimo, despreparado – razão pela qual é destituído do cargo. Nos três exemplos, equipes completas de profissionais qualificados – e com olhar apurado para crises – atuaram na concepção, aprovação e execução da estratégia em comunicação. A pergunta que, então, é: ninguém havia notado nada errado? A chave para a resposta está no pensamento de Sustentabilidade e na relação com o que se convencionou chamar de “capitalismo de stakeholders”, do qual falaremos melhor a seguir.   Conceito do capitalismo de stakeholders – e o papel dos profissionais de comunicação O termo “capitalismo de stakeholders” foi cunhado pelo economista Klaus Martin Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial, para falar sobre o cenário em que as empresas não consideram somente seus próprios interesses, mas os de toda a sociedade. As organizações levam em conta, por exemplo, aspectos ambientais, culturais, políticos e econômicos. A Comunicação desempenha um papel crucial se pensarmos que não é suficiente informar diferentes públicos; é preciso, além disso, envolve-los, incorporando seus pontos de vista. O impacto para os comunicadores tem se refletido no aumento da complexidade de quem trabalha com Conteúdo, Estratégia, PR, Digital e outras frentes. Para uma Comunicação baseada na Sustentabilidade, dois aspectos são essenciais: a existência de um diálogo constante entre stakeholders, por meio de diferentes canais (o que deve acontecer diariamente por meio de redes sociais, de discussões com representantes da Academia, das comunidades, consumidores e especialistas). Já o segundo aspecto é a transparência, exercitada com mensagens baseadas em dados concretos, que estabeleçam uma relação de confiança com a sociedade.  

Comunicação ESG exige pensamento integrado; entenda

Cresce a importância dos relatos ESG e, em paralelo, a necessidade de que as organizações tenham clareza do impacto de suas atividades O universo corporativo tem demonstrado apetite para se transformar a partir das boas práticasde comunicação em sustentabilidade. Em parte, porque estão sendo pressionadas a falar mais (e melhor) sobre tais temas, mas também por uma cultura de transparência em ascensão. Pela ótica dos executivos, o pensamento integrado tem ganhado corpo e comprova o potencial da comunicação ESG para repaginar planos de negócio e torna-los contemporâneos. Conceituando o pensamento integrado O conceito de pensamento integrado é, segundo a Estrutura Internacional (IR), uma “consideração ativa” de uma empresa conforme as conexões “entre suas diversas unidades operacionais e funcionais”. Isso leva “à tomada de decisão integrada e ações que levam em conta a geração de valor em curto, médio e longo prazo”. Assim, o pensamento integrado pode ser encarado como um mecanismo que permite às organizações entenderem os capitais dos quais dependem, sejam eles financeiros, sociais, humanos etc. Possibilita, ainda, que as companhias tenham mais clareza do impacto de suas atividades, o que, consequentemente, leva a decisões mais assertivas e perenes. Relação entre pensamento integrado e relatórios empresariais Quem produz relatórios empresariais está em contato com uma série de novidades em termos de normas, metodologias e diretrizes. É o caso do Relato Integrado (IR), liderado globalmente pela IFRS Foundation, que gerou discussões sobre a integração como premissa – das decisões estratégicas às rotinas de interação entre empresas e sociedade. Ter um panorama do todo gera resiliência e oportunidades na comunicação sustentável. Quem tiver entendimento para navegar por este cenário, terá, certamente, muitos ganhos. De acordo com uma matéria publicada no final do ano passado na Sustainability Magazine, o avanço da terceirização do monitoramento e relatórios ESG de rotina é uma das grandes tendências para 2024. Isso porque as empresas têm entendido melhor a necessidade de ter uma equipe especializada, com conhecimento suficiente para não apenas coletar dados, mas entende-los e divulga-los adequadamente. Diante disso, nós, profissionais deste segmento, ganhamos a incumbência de converter processos de relato em consultorias de comunicação e pensamento integrados. Dessa forma, conseguimos construir parcerias transparentes, pautadas em boas relações que criam valor, seja ele monetário ou não.

CONFERÊNCIA 2024 DA IFRS DESTACA NORMAS DE RELATO

Conferência 2024 da IFRS lança foco em interoperabilidade e conectividade nas normas de relato

Por Guto Lobato. Não estamos fazendo standard-setting no vácuo. Embarcamos em um plano de trabalho para dois anos que nos fará fortalecer e construir um baseline global de divulgações financeiras sobre sustentabilidade”. Com essas palavras, Emmanuel Faber, líder do International Sustainability Standards Board (ISSB), fez uma fala inaugural que indicava a tônica geral da Conferência 2024 da IFRS Foundation, organizada em Londres nos dias 24 e 25 de junho: a de promover conectividade, conhecimento e colaboração. O encontro marcou o aniversário de um ano das Normas IFRS S1 e S2, dedicadas respectivamente ao relato de riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade em geral e ao clima, além de trazer novidades sobre as Normas Contábeis IFRS, já adotadas em escala mundial para divulgações financeiras de empresas.  O evento também serviu para divulgar o Plano de Trabalho do ISSB para o biênio 2024-2026. Tanto o ISSB quanto o International Accountability Standards Board (IASB), dedicado aos padrões financeiros, apresentaram resultados de um ano de trabalho intensivo e definiram, como prioridades, difundir conhecimento e promover educação sobre as Normas S1 e S2, aprofundar alianças com outros standard-setters e monitorar como as jurisdições (os países) se movimentam para regulamentar o uso das novas normas. O Grupo Report participou presencialmente da Conferência 2024. Foram dois dias de atividades com plenárias, sessões de perguntas e respostas (Q&A) e sessões simultâneas que abordaram as Normas S1 e S2, a Norma IFRS 18, o papel do Relato Integrado no atual momento e o trabalho conjunto do ISSB e do IASB pela integração de padrões.  Em uma síntese geral, quatro grandes tópicos reúnem as novidades e informações relevantes para o mercado brasileiro. Confira-os a seguir. INCENTIVO À ADOÇÃO GLOBAL DAS NORMAS IFRS S1 E S2 O trabalho da IFRS Foundation, via ISSB, é centralmente o de ampliar conhecimento e incentivar a adoção das Normas S1 e S2 pelos reguladores do mercado de capitais dos países. Na conferência, Emmanuel Faber destacou que há hoje duas dezenas de jurisdições com normativas publicadas ou em finalização para uma adesão gradual mandatória à S1 e à S2 por empresas listadas. “Tivemos um ano de muitas realizações. Mais de 20 países e jurisdições estão em jornada para regulamentar o uso da S1 e da S2, um grupo diversificado com participação de economias do Sul Global, que representa quase 55% do PIB em todo o mundo.” Na América Latina e no mundo, o Brasil foi pioneiro com a resolução da CVM (193/2023) para empresas iniciarem o reporte voluntário na S1 e na S2 no ano-base 2024, com obrigatoriedade a partir de 2026. Em uma sessão do segundo dia, Veronika Pountcheva, membro do ISSB, destacou a posição do País. “O Brasil é um dos mercados mais corajosos e empenhados em normatizar a adesão à S1 e à S2.” O plano de trabalho da IFRS Foundation e do ISSB para o período 2024-2026 prevê a publicação de diversos documentos de orientação. O primeiro foi lançado na conferência: o Guia Jurisdicional Inaugural, que fornece orientações sobre regulação e outros usos das Normas S1 e S2 pelos países (consulte o documento aqui). A equipe do ISSB foi indagada, na sessão Q&A, sobre sua disposição em dialogar com certos mercados mais refratários à regulação de divulgação de desempenho em sustentabilidade pelas empresas. Veronika Pountcheva respondeu de forma enfática: “nós já estamos conversando. E com todos. Nosso papel não é o de obrigar, mas mostrar como uma jornada que é ideal para a estabilidade e responsabilidade do mercado de capitais em escalas local e global.” A ideia foi reiterada na fala de arine Smith, líder de Governança e Compliance do Norges Bank Investment Management (NBIM), convidada para palestrar no evento com a visão do mercado de capitais. “Os universos [do relato financeiro e do relato ESG] não fazem sentido isoladamente. O uso dos padrões contábeis IFRS e das Normas do ISSB requer conectividade, e ela viabiliza uma narrativa consistente de criação de valor”, afirmou. INTEROPERABILIDADE PARA COMBATER A SOPA DE LETRINHAS Normas GRI, SASB, IFRS S1 e S2, ESRS… Frameworks de Relato Integrado, TCFD e TNFD. Ratings, índices. A quantidade de siglas, diretrizes e padrões disponíveis para a elaboração de relatórios é imensa e confunde iniciantes, além de fazer veteranos se perderem em um mar de demandas por informação qualificada. Rickard Barckow, chair do IASB, destacou que a complexidade é uma marca dos mercados globais contemporâneos. “Mas é nosso papel dosar complexidade e necessidade, reduzindo aquela onde é possível, em função do que é preciso divulgar com transparência.” Desde o lançamento das Normas IFRS S1 e S2, na Conferência 2023, ouvimos da IFRS Foundation que promover a tal interoperabilidade é prioridade. Até agora, no entanto, os esforços eram tímidos. Na conferência, as falas de Emmanuel Faber e de Sue Lloyd, vice-líder do ISSB, foram mais enfáticas nesse quesito, com algumas conquistas e propostas listadas como prestação de contas e planos de curto prazo da entidade. Confira uma lista dos principais avanços em interoperabilidade: • O lançamento, em maio deste ano, do Guia de interoperabilidade ESRS–ISSB Standards, que lista os pontos de convergência e diferenciação nos padrões de divulgação das normas europeias e da S1 e S2; • Lançamento da taxonomia digital IFRS S1 e S2, que, assim como nos Padrões Contábeis IFRS, permitem o tratamento de bases de dados, o tagueamento e o rápido acesso à informação por analistas do mercado financeiro; • Revitalização e maior divulgação das Normas SASB, que passaram por melhorias desde o final de 2023 e trazem métricas e indicadores específicos por setor; • Reforço da importância do Framework de Relato Integrado (<IR>) como base para a produção de relatórios com foco na materialidade financeira e no processo de criação de valor, com abordagem multicapitais; • Assinatura de Memorando de Entendimento (MoU) entre IFRS Foundation e o GHG Protocol, para garantir alinhamento e informação prévia sobre quaisquer atualizações e decisões que envolvam mudanças dos padrões GHG Protocol; • Alinhamento entre os requisitos da Norma S2 os conteúdos do questionário versão 2024 do CDP – Disclosure Insight Action, principal

Pensamento Integrado: um caminho para o desenho de estratégias abertas e colaborativas

Na hora de tomar decisões importantes sobre o futuro dos seus negócios, qual o nível de abertura e colaboração que as empresas devem incorporar ao trabalho de formulação estratégica? Responder a essa pergunta pode parecer simples: depende do perfil jurídico e tamanho da organização seria uma resposta rápida a vir à mente. Essa é uma resposta tão ágil quanto perigosa e imprecisa. Nessa linha de raciocínio, companhias de capital aberto, listadas em bolsa, habitualmente não decidem seus rumos sozinhas; têm de prestar contas a grupos amplos de investidores, credores, acionistas e gente distribuída no mercado de capitais. Já as de capital fechado tendem a parecer mais “livres” para pensar seus planos, por prestarem contas a menos gente. Assim, pensar e planejar negócios com olhar de longo prazo seria – apenas seria – uma tarefa mais complexa para conglomerados e organizações for profit de grande porte, restando a outros perfis de negócios um pensar estratégico mais ensimesmado e menos dinâmico. A história, porém, mostra que não é bem assim; na verdade, a literatura sobre estratégia indica que o século XX viu surgir teorias que indicam a necessidade de negócios abrirem a caixa preta e observarem as interconexões entre atividades empresariais, impactos gerados e recursos financeiros e não financeiros essenciais para sua existência. Modelos mais pautados pelo léxico do “integrado”, “aberto”, “colaborativo”, “sistêmico”, “integral” e “holístico” viraram moda nas escolas de administração e consultorias de estratégia. Isso decorre de uma movimentação que reflete, do muro para dentro, uma realidade dada que está há décadas fora dos escritórios das empresas. Três asserções demonstram a caducidade dessa divisão entre “empresas grandes que prestam contas a muita gente” e “negócios familiares”. A primeira é que, na prática, todo mundo presta contas a um raio de influência relativamente grande, que inclui quem trabalha na empresa, os que prestam serviços e os que têm vidas afetadas por sua existência (consumidores e comunidades de entorno, por exemplo). Em segundo lugar, nenhuma empresa é uma ilha. Todo negócio, por menor ou mais caseiro que seja, precisa, cada vez mais, sentar no divã e colocar suas bases estabelecidas em xeque, para se adequar a um mundo e uma economia global marcados pela tríade pós-moderna da volatilidade, transitoriedade e complexidade. Isso exige abertura, disposição ao diálogo e uma visão mais integrativa das questões que guiam as decisões e, é claro, afetam os resultados empresariais no curto, médio e longo prazos. O terceiro ponto é, talvez, o mais importante numa abordagem comportamental aplicada às pessoas jurídicas: isolamento vai na direção contrária de performance. Empresas com cadeias ultracontroladas, atividades dissociadas de parceiros e visão estreita de engajamento/relacionamento tendem a se desconectar dos stakeholders vitais e, também, ter sua reputação definida por tal postura, além de perder o lugar na janela do ônibus sem perceber – já que suas ideias não se atualizam na mesma velocidade do mundo. Voltemos, então, à questão inicial, agora com mais detalhes. Qual o nível de abertura e colaboração necessário para processos de reflexão estratégica? E mais: quem trazer para a conversa e como priorizar, escutar e filtrar considerações dos públicos? O que é preciso fazer para incentivar uma cultura de alianças e diálogos e, assim, tomar decisões de menor perfil de risco e maior impacto positivo nas jornadas dos negócios? Dois conceitos, intimamente conectados, nos ajudam a encontrar respostas possíveis: Pensamento Integrado e Open Strategy. Vamos nos dedicar, aqui, a depurar o primeiro – e lançar premissas a ele associadas que viabilizam a construção de estratégias de negócios abertas. O que é Pensamento Integrado? Como se aplica? O pensamento integrado pode ser entendido como uma filosofia empresarial que, de um lado, traduz preocupações de profissionais de Finanças e Contabilidade sobre o modo como empresas são conduzidas – e, de outro, demonstra como estas podem ser mais estáveis, saudáveis e produtivas por meio da consideração ativa dos diversos capitais (financeiro e não financeiros – social, natural, intelectual, humano etc.) que utilizam e sobre os quais produzem impactos. No texto “Integrated Thinking: Measuring the Unobservable”, os pesquisadores Irma Malafronte e John Pereira, das universidades de Roehampton e Kingston, no Reino Unido, resgatam a trajetória de debates sobre um modelo integrado de pensamento aplicável às empresas. Citam estudos em mercados pontuais, destacam a necessidade de critérios objetivos para mensurar/avaliar o nível de integração de administradores e suas decisões. E estabelecem um método para examinar, em estudo limitado a algumas companhias abertas, como posicionar empresas de acordo com seu nível reportado – e legível externamente – de integração. A conclusão dos autores é bem objetiva: “Embora a investigação sobre pensamento integrado e relatórios esteja a emergir na literatura recente sobre relatórios, ainda é preciso compreender o pensamento integrado na prática e o seu desenvolvimento ao longo do tempo” (Malafronte; Pereira, 2020, pág.5, tradução nossa). A menção a “relatórios” não ocorre por acaso. A discussão sobre pensamento integrado ganhou força na última década por conta do movimento do Relato Integrado <IR>, iniciado pelo International Integrated Reporting Council (IIRC), continuado pela Value Reporting Foundation (VRF) e hoje sob liderança da IFRS Foundation. No framework lançado pelo IIRC em 2013, a prática da divulgação integrada de resultados, desempenhos e perspectivas dos negócios das empresas sob a ótica <IR> era associada a empresas que pensavam a si próprias de maneira conectiva e holística, produzindo resultados mais estáveis e sólidos ao longo do tempo – e que os comunicam de forma clara a provedores de capital e outros stakeholders. Conforme o texto das diretrizes, o pensamento integrado “leva em consideração a conectividade e as interdependências entre uma gama de fatores que afetam a capacidade de uma organização de gerar valor ao longo do tempo” (IIRC, 2013, p.2), incluindo os estoques de valor representados pelos capitais que o negócio acessa e transforma; a capacidade de atender aos interesses dos stakeholders; a adaptabilidade do modelo de negócios e da estratégia ao ambiente externo; e os desempenhos e impactos gerados com relação aos capitais. O conceito foi trabalhado posteriormente em outros estudos da IIRC e da VRF, chegando ao

Sustentabilidade: 4 dicas para uma comunicação estratégica

No contexto corporativo, sabe-se que é preciso produzir relatórios ESG, mas como trabalhar a comunicação para um relato eficiente e coeso? Neste post, reunimos algumas dicas básicas Sustentabilidade não é um assunto tão simples, se pensarmos nas diretrizes, normas, padrões e siglas que surgem e que, claro, podem confundir a cabeça de quem não é do ramo. Por outro lado, as corporações sabem que é preciso adotar um processo de comunicação transparente no que diz respeito a suas iniciativas na agenda sustentável. Então, muitas delas podem se perguntar: por onde começar? A seguir, trazemos quatro dicas para responder a esta questão! 1) Crie uma cultura de sustentabilidade Por mais óbvio que pareça, antes de querer relatar ações sustentáveis, é preciso incorporá-las no dia a dia da empresa. Não se trata de ceder a uma demanda da sociedade ou dos investidores, mas de criar uma cultura que, no fim das contas, vai solidificar a companhia ao torna-la mais transparente. Por este motivo, estabelecer uma cultura de sustentabilidade é fundamental para obter sucesso lá na frente – e isso pode começar com pequenos incentivos. É possível, por exemplo, utilizar os canais internos para promover campanhas (como de reciclagem no escritório), com pequenos prêmios como incentivo. Aos poucos, pode evoluir para treinamentos e outras iniciativas. 2) Faça um raio-X da organização Quando a companhia já estiver madura do primeiro passo, é hora de caminhar para o segundo: a elaboração do relatório . Tal ferramenta de comunicação tem se mostrado vital para alcançar diversos públicos. Há, no entanto, uma série de modelos, técnicas de elaboração e padrões que podem confundir mais que ajudar, mas, neste caso, vale a máxima: “comece pelo básico”. O relatório deve ser produzido a partir de um raio-X da companhia, como resposta a perguntas como: em que momento ela se encontra em relação à Sustentabilidade? O que deseja a curto, médio, e longo prazo? Quais são os desafios para atingir os objetivos pretendidos? 3) Evite usar jargões corporativos Muitos relatórios produzidos atualmente contêm diversas informações irrelevantes, como dados “jogados”, não explicados e que, por vezes, estão no documento apenas para aumentar seu tamanho. Assim, é fundamental se atentar aos tópicos principais do negócio, evitando expressões inadequadas, ou, em outras palavras, jargões. Também é importante escrever de maneira acessível a todo e qualquer público. 4) Aposte em cursos com experts em relatórios A comunicação ESG é, portanto, a ponte para a confiança com stakeholders e consumidores, sendo capaz de demonstrar o compromisso de uma empresa com questões ambientais e de responsabilidade social. Aprender com quem domina essa maneira de se comunicar é mais uma dica importante. Por este motivo, nós, do Grupo Report, disponibilizamos o curso Relato Integrado, orientado pelos princípios da agenda ESG. O conteúdo programático aprofunda os conceitos de relato integrado e pensamento integrado, além de discorrer sobre criação de valor. Trata-se, também, da chance de estabelecer networking com empresas e profissionais engajados nos temas ESG e de sustentabilidade.

Importância e características do mercado de dívida ESG

Com a projeção da agenda sustentável mundo afora, cresce a necessidade de empresas conquistarem sinalização positiva e combaterem o greenwashing; entenda Nos últimos cinco anos, as questões socioambientais ganharam destaque nas decisões de organizações privadas, incluindo empresas e instituições financeiras. A crise climática, o declínio da biodiversidade e recursos naturais, o excesso de plástico e as desigualdades sociais refletem uma sociedade disfuncional. O crescente interesse de stakeholders nessas questões pressiona empresas a agir. Vejamos, a seguir, algumas iniciativas nesse sentido. Dívida ESG: que mercado é este? Em 2007, surgiu o mercado de dívida ESG, permitindo que operações de impacto positivo sejam rotuladas. Desde então, a área vem crescendo progressivamente, ganhando projeção no contexto mundial. O segmento de dívida ESG global se estabelece entre 5% e 6% do mercado total de dívida. Na América Latina, a fatia é de 30%. Paralelamente, cresce, também, o mercado de dívida ESG brasileiro – que, atualmente, representa de 15% a 30% do mercado total de dívida nacional. Como se constitui o mercado de dívida ESG Os instrumentos financeiros que sustentam as transações do tipo são conhecidos como GSSS (do inglês Green, Social, Sustainability e Sustainability-linked) Bonds/Loans. São práticas que respondem a uma demanda cada vez maior de investidores e instituições financeiras por ativos ligados ao enfrentamento dos grandes desafios da Sustentabilidade. Vejamos quais são alguns dos termos mais comuns deste mercado: ● Custo de capital: a empresa busca um financiamento mais barato, motivada pela crença de que um prêmio de Sustentabilidade pode oferecer essa vantagem. Na contramão, os investidores aceitam ganhos menores pelo avanço nas pautas da agenda sustentável. Entretanto, não há consenso que permita cravar que operações rotuladas garantam acesso a financiamentos com menor custo. ● Sinalização para o mercado: A emissão de títulos rotulados pode ser interpretada por meio da teoria da sinalização. Nela, um sinal é dito crível quando dificulta que companhias com características menos desejáveis o imitem. Pensando sob o ponto de vista do investidor, é possível distinguir claramente companhias comprometidas (que, portanto, ganham credibilidade) daquelas que não demonstram preocupação com a agenda sustentável. Greenwashing: o que é e como se relaciona com a dívida ESG Outro racional que compõe o mercado da dívida ESG é a prática conhecida como greenwashing, quando uma empresa promove e divulga iniciativas favoráveis ao meio ambiente, mas opera de maneira oposta ao que prega. Em outras palavras, há o risco de operações rotuladas como sustentáveis serem utilizadas como uma ferramenta de marketing para alavancar dinheiro. Uma pesquisa recente da consultoria PwC revelou que 98% dos investidores brasileiros acreditam que relatórios corporativos de sustentabilidade contenham informações não comprovadas. O levantamento ouviu 340 pessoas ligadas às operações de investimento. Mundo afora, o greenwashing é percebido por 94% dos respondentes. Os racionais que se relacionam com as áreas de Comunicação são os de greenwashing e de sinalização, sendo, porém, paradoxais. Isso porque a concretização de um ou de outro varia conforme a robustez dos componentes da operação vinculada por determinada organização. Combate ao greenwashing gera oportunidades para profissionais da comunicação Em meio ao mercado de dívida ESG, nota-se que as estratégias de Sustentabilidade das empresas ganham um foco muito maior, diante do qual nada passa despercebido. O público que acessa este ramo é criterioso, bem informado em geral e, portanto, atento às nuances da operação – daí as acusações de greenwashing serem cada vez mais frequentes. Por outro lado, se a companhia tem uma estratégia madura quanto ao papel que pretende desempenhar, a operação, além de ambiciosa, pode sinalizar a seus stakeholders alto grau de comprometimento. Passa, por isso mesmo, mais segurança e transparência, na medida em que constrói um posicionamento crível frente à agenda ESG. O fortalecimento reputacional também é fundamental para manter a credibilidade do mercado como um todo (o que faz com que as acusações de greenwashing o afetem de modo geral). Neste cenário, o papel dos profissionais da comunicação se torna determinante, já que são eles os responsáveis por fazer um embasamento sólido, com referencial teórico apurado e assertividade. Por fim, cabe salientar que a responsabilidade ao transmitir relatos socioambientais não se traduz somente no benefício da sinalização para uma empresa. Serve, também, para que as operações da organização confiável sigam aumentando sua representatividade no mercado de dívida global.

Programa de media training prepara porta-vozes para falar sobre Sustentabilidade

Uma boa comunicação é a chave para falar sobre ESG e a agenda sustentável de maneira que agregue valor a uma empresa. Nesse sentido, os porta-vozes têm um papel fundamental. Conheça o treinamento de media training da Report com foco para este público! Imagine a seguinte situação: um jornalista entra em contato com uma marca a fim de entrevistar seu porta-voz para falar sobre as estratégias ESG da empresa. A companhia em questão, porém, não tem um departamento específico (uma divisão de Sustentabilidade, por exemplo). Neste caso, deveria declinar a solicitação, perdendo a oportunidade de se colocar na mídia? Em nosso entendimento, não. Isso porque os assuntos relativos à agenda Ambiental, Social e de Governança não devem ficar restritos a um único departamento, ainda que ele exista. Todos os porta-vozes devem saber falar sobre ESG, sendo capazes de articular as ideias em torno do trabalho que desempenha na corporação. Quer um exemplo? Um(a) diretor(a) de RH pode falar sobre ações de Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I) e conectá-las ao eixo Social da sigla ESG, enquanto um representante do alto escalão pode discorrer sobre governança corporativa. É claro que tudo vai depender da pauta do jornalista que entrou em contato e, principalmente, da existência, de fato, das ações que a empresa quer comunicar, para não correr o risco de praticar greenwashing (de que falaremos mais adiante). E, para fortalecer o papel dos porta-vozes, uma comunicação eficiente é a chave, uma vez que que transparência, diálogo e engajamento são alguns de seus aspectos fundamentais. Como sempre, a tarefa começa dentro de casa: é importante que todos os colaboradores estejam alinhados a essas iniciativas. Os porta-vozes, em especial, devem estar em dia não só com a realidade da empresa e seu impacto na sociedade e no meio ambiente. Porém, é essencial que estejam, também, alinhados à agenda de Sustentabilidade como um todo. A narrativa das lideranças que falam em nome das corporações deve ter consistência, acima de tudo. Para auxiliá-las nesta tarefa, a Report desenvolveu um treinamento completo de media training. Afinal, o que é greenwashing? A iniciativa tem como objetivo atualizar as lideranças sobre as práticas de referência em Sustentabilidade e ESG e tendências para o futuro. O programa aborda, ainda, os princípios básicos de uma boa comunicação destes assuntos, além de apresentar uma visão geral da mídia que atua na área. Em outras palavras, trata-se de um treinamento de gestores para, enfim, atuarem como porta-vozes nas temáticas correspondentes. O conteúdo programático inclui uma visão geral sobre Sustentabilidade e ESG nas organizações, com um balanço do cenário no último ano e as perspectivas para 2024-2030. Do ponto de vista global, o treinamento aborda as movimentações, investimentos e estratégias das empresas, trazendo, também, destaques sobre novos acordos, regulamentações e questões climáticas. Já sobre o Brasil, o programa indica companhias que são referência nos assuntos tratados, além de mostrar quais são os principais veículos jornalísticos (e seus profissionais de destaque) que falam sobre Sustentabilidade. O treinamento inclui uma palestra sobre como ser um(a) bom/boa porta-voz – inclusive como se sair bem no vídeo, com dicas de linguagem e expressão –, simulação de entrevistas e debates. Um dos pontos altos da dinâmica, no entanto, é a abordagem sobre greenwashing. Entenda a seguir. Conteúdo do programa de media training Saber identificar greenwashing e outros movimentos do tipo é central no papel dos porta-vozes em Sustentabilidade e ESG atualmente. Como já explicamos neste post, a palavra em inglês vem de whitewashing, termo utilizado para falar sobre a estratégia de quem decide passar uma tinta branca em uma casa antiga para iludir potenciais compradores. Por analogia, o greenwashing caracteriza organizações que tentam ludibriar o mercado fazendo alegações sem consistência, do ponto de vista ambiental. Atualmente, além do green, há outros washings, em diferentes perspectivas. Por exemplo, o blue (quando ligado ao Pacto Global da ONU); o pink (para comunicar ações de conscientização e combate ao câncer de mama); health (para falar de iniciativas em saúde) etc.  Durante o treinamento de media training da Report, nosso fundador, Estevam Pereira, fala sobre os perigos do greenwashing, traz exemplos de movimentos semelhantes e propõe que os participantes analisem casos para identificar se determinada empresa é confiável e passa mensagens honestas.  Para saber todos os detalhes sobre o programa de media training da Report, entre em contato conosco!

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