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A comunicação em sustentabilidade é essencialmente conectada aos stakeholders

É crescente o movimento em que as empresas passam a considerar os interesses de toda a sociedade, para além dos próprios. Diante do capitalismo de stakeholders, o profissional de comunicação ganha protagonismo; entenda Para desenvolver o assunto de que vamos tratar neste artigo, vamos relembrar três casos. No primeiro, o Greenpeace divulga um vídeo com críticas a uma gigante do setor alimentício por comprar óleo de palma de companhias predatórias da floresta tropical – ilustradas por imagens de um orangotango com dedos ensanguentados. Ao invés de enfrentar a situação, a marca criticada opta pela censura ao vídeo. O conteúdo, é claro, viraliza. No segundo caso, uma varejista internacional de grande porte no mundo da moda publica a imagem, em seu site, de um menino negro usando um moletom no qual se pode ler: “coolest monkey in the jungle” (ou “o macaco mais legal da floresta”). A imagem, naturalmente, gera uma onda de críticas online. Já no terceiro, o presidente de uma petrolífera afirma, durante uma visita a moradores da Costa do Golfo em meio ao pior vazamento de óleo da história dos EUA, que gostaria de retomar sua vida. A fala passa a estampar manchetes ao redor do mundo e revela um porta-voz, no mínimo, despreparado – razão pela qual é destituído do cargo. Nos três exemplos, equipes completas de profissionais qualificados – e com olhar apurado para crises – atuaram na concepção, aprovação e execução da estratégia em comunicação. A pergunta que, então, é: ninguém havia notado nada errado? A chave para a resposta está no pensamento de Sustentabilidade e na relação com o que se convencionou chamar de “capitalismo de stakeholders”, do qual falaremos melhor a seguir.   Conceito do capitalismo de stakeholders – e o papel dos profissionais de comunicação O termo “capitalismo de stakeholders” foi cunhado pelo economista Klaus Martin Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial, para falar sobre o cenário em que as empresas não consideram somente seus próprios interesses, mas os de toda a sociedade. As organizações levam em conta, por exemplo, aspectos ambientais, culturais, políticos e econômicos. A Comunicação desempenha um papel crucial se pensarmos que não é suficiente informar diferentes públicos; é preciso, além disso, envolve-los, incorporando seus pontos de vista. O impacto para os comunicadores tem se refletido no aumento da complexidade de quem trabalha com Conteúdo, Estratégia, PR, Digital e outras frentes. Para uma Comunicação baseada na Sustentabilidade, dois aspectos são essenciais: a existência de um diálogo constante entre stakeholders, por meio de diferentes canais (o que deve acontecer diariamente por meio de redes sociais, de discussões com representantes da Academia, das comunidades, consumidores e especialistas). Já o segundo aspecto é a transparência, exercitada com mensagens baseadas em dados concretos, que estabeleçam uma relação de confiança com a sociedade.  

Comunicação ESG exige pensamento integrado; entenda

Cresce a importância dos relatos ESG e, em paralelo, a necessidade de que as organizações tenham clareza do impacto de suas atividades O universo corporativo tem demonstrado apetite para se transformar a partir das boas práticasde comunicação em sustentabilidade. Em parte, porque estão sendo pressionadas a falar mais (e melhor) sobre tais temas, mas também por uma cultura de transparência em ascensão. Pela ótica dos executivos, o pensamento integrado tem ganhado corpo e comprova o potencial da comunicação ESG para repaginar planos de negócio e torna-los contemporâneos. Conceituando o pensamento integrado O conceito de pensamento integrado é, segundo a Estrutura Internacional (IR), uma “consideração ativa” de uma empresa conforme as conexões “entre suas diversas unidades operacionais e funcionais”. Isso leva “à tomada de decisão integrada e ações que levam em conta a geração de valor em curto, médio e longo prazo”. Assim, o pensamento integrado pode ser encarado como um mecanismo que permite às organizações entenderem os capitais dos quais dependem, sejam eles financeiros, sociais, humanos etc. Possibilita, ainda, que as companhias tenham mais clareza do impacto de suas atividades, o que, consequentemente, leva a decisões mais assertivas e perenes. Relação entre pensamento integrado e relatórios empresariais Quem produz relatórios empresariais está em contato com uma série de novidades em termos de normas, metodologias e diretrizes. É o caso do Relato Integrado (IR), liderado globalmente pela IFRS Foundation, que gerou discussões sobre a integração como premissa – das decisões estratégicas às rotinas de interação entre empresas e sociedade. Ter um panorama do todo gera resiliência e oportunidades na comunicação sustentável. Quem tiver entendimento para navegar por este cenário, terá, certamente, muitos ganhos. De acordo com uma matéria publicada no final do ano passado na Sustainability Magazine, o avanço da terceirização do monitoramento e relatórios ESG de rotina é uma das grandes tendências para 2024. Isso porque as empresas têm entendido melhor a necessidade de ter uma equipe especializada, com conhecimento suficiente para não apenas coletar dados, mas entende-los e divulga-los adequadamente. Diante disso, nós, profissionais deste segmento, ganhamos a incumbência de converter processos de relato em consultorias de comunicação e pensamento integrados. Dessa forma, conseguimos construir parcerias transparentes, pautadas em boas relações que criam valor, seja ele monetário ou não.

CONFERÊNCIA 2024 DA IFRS DESTACA NORMAS DE RELATO

Conferência 2024 da IFRS lança foco em interoperabilidade e conectividade nas normas de relato

Por Guto Lobato. Não estamos fazendo standard-setting no vácuo. Embarcamos em um plano de trabalho para dois anos que nos fará fortalecer e construir um baseline global de divulgações financeiras sobre sustentabilidade”. Com essas palavras, Emmanuel Faber, líder do International Sustainability Standards Board (ISSB), fez uma fala inaugural que indicava a tônica geral da Conferência 2024 da IFRS Foundation, organizada em Londres nos dias 24 e 25 de junho: a de promover conectividade, conhecimento e colaboração. O encontro marcou o aniversário de um ano das Normas IFRS S1 e S2, dedicadas respectivamente ao relato de riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade em geral e ao clima, além de trazer novidades sobre as Normas Contábeis IFRS, já adotadas em escala mundial para divulgações financeiras de empresas.  O evento também serviu para divulgar o Plano de Trabalho do ISSB para o biênio 2024-2026. Tanto o ISSB quanto o International Accountability Standards Board (IASB), dedicado aos padrões financeiros, apresentaram resultados de um ano de trabalho intensivo e definiram, como prioridades, difundir conhecimento e promover educação sobre as Normas S1 e S2, aprofundar alianças com outros standard-setters e monitorar como as jurisdições (os países) se movimentam para regulamentar o uso das novas normas. O Grupo Report participou presencialmente da Conferência 2024. Foram dois dias de atividades com plenárias, sessões de perguntas e respostas (Q&A) e sessões simultâneas que abordaram as Normas S1 e S2, a Norma IFRS 18, o papel do Relato Integrado no atual momento e o trabalho conjunto do ISSB e do IASB pela integração de padrões.  Em uma síntese geral, quatro grandes tópicos reúnem as novidades e informações relevantes para o mercado brasileiro. Confira-os a seguir. INCENTIVO À ADOÇÃO GLOBAL DAS NORMAS IFRS S1 E S2 O trabalho da IFRS Foundation, via ISSB, é centralmente o de ampliar conhecimento e incentivar a adoção das Normas S1 e S2 pelos reguladores do mercado de capitais dos países. Na conferência, Emmanuel Faber destacou que há hoje duas dezenas de jurisdições com normativas publicadas ou em finalização para uma adesão gradual mandatória à S1 e à S2 por empresas listadas. “Tivemos um ano de muitas realizações. Mais de 20 países e jurisdições estão em jornada para regulamentar o uso da S1 e da S2, um grupo diversificado com participação de economias do Sul Global, que representa quase 55% do PIB em todo o mundo.” Na América Latina e no mundo, o Brasil foi pioneiro com a resolução da CVM (193/2023) para empresas iniciarem o reporte voluntário na S1 e na S2 no ano-base 2024, com obrigatoriedade a partir de 2026. Em uma sessão do segundo dia, Veronika Pountcheva, membro do ISSB, destacou a posição do País. “O Brasil é um dos mercados mais corajosos e empenhados em normatizar a adesão à S1 e à S2.” O plano de trabalho da IFRS Foundation e do ISSB para o período 2024-2026 prevê a publicação de diversos documentos de orientação. O primeiro foi lançado na conferência: o Guia Jurisdicional Inaugural, que fornece orientações sobre regulação e outros usos das Normas S1 e S2 pelos países (consulte o documento aqui). A equipe do ISSB foi indagada, na sessão Q&A, sobre sua disposição em dialogar com certos mercados mais refratários à regulação de divulgação de desempenho em sustentabilidade pelas empresas. Veronika Pountcheva respondeu de forma enfática: “nós já estamos conversando. E com todos. Nosso papel não é o de obrigar, mas mostrar como uma jornada que é ideal para a estabilidade e responsabilidade do mercado de capitais em escalas local e global.” A ideia foi reiterada na fala de arine Smith, líder de Governança e Compliance do Norges Bank Investment Management (NBIM), convidada para palestrar no evento com a visão do mercado de capitais. “Os universos [do relato financeiro e do relato ESG] não fazem sentido isoladamente. O uso dos padrões contábeis IFRS e das Normas do ISSB requer conectividade, e ela viabiliza uma narrativa consistente de criação de valor”, afirmou. INTEROPERABILIDADE PARA COMBATER A SOPA DE LETRINHAS Normas GRI, SASB, IFRS S1 e S2, ESRS… Frameworks de Relato Integrado, TCFD e TNFD. Ratings, índices. A quantidade de siglas, diretrizes e padrões disponíveis para a elaboração de relatórios é imensa e confunde iniciantes, além de fazer veteranos se perderem em um mar de demandas por informação qualificada. Rickard Barckow, chair do IASB, destacou que a complexidade é uma marca dos mercados globais contemporâneos. “Mas é nosso papel dosar complexidade e necessidade, reduzindo aquela onde é possível, em função do que é preciso divulgar com transparência.” Desde o lançamento das Normas IFRS S1 e S2, na Conferência 2023, ouvimos da IFRS Foundation que promover a tal interoperabilidade é prioridade. Até agora, no entanto, os esforços eram tímidos. Na conferência, as falas de Emmanuel Faber e de Sue Lloyd, vice-líder do ISSB, foram mais enfáticas nesse quesito, com algumas conquistas e propostas listadas como prestação de contas e planos de curto prazo da entidade. Confira uma lista dos principais avanços em interoperabilidade: • O lançamento, em maio deste ano, do Guia de interoperabilidade ESRS–ISSB Standards, que lista os pontos de convergência e diferenciação nos padrões de divulgação das normas europeias e da S1 e S2; • Lançamento da taxonomia digital IFRS S1 e S2, que, assim como nos Padrões Contábeis IFRS, permitem o tratamento de bases de dados, o tagueamento e o rápido acesso à informação por analistas do mercado financeiro; • Revitalização e maior divulgação das Normas SASB, que passaram por melhorias desde o final de 2023 e trazem métricas e indicadores específicos por setor; • Reforço da importância do Framework de Relato Integrado (<IR>) como base para a produção de relatórios com foco na materialidade financeira e no processo de criação de valor, com abordagem multicapitais; • Assinatura de Memorando de Entendimento (MoU) entre IFRS Foundation e o GHG Protocol, para garantir alinhamento e informação prévia sobre quaisquer atualizações e decisões que envolvam mudanças dos padrões GHG Protocol; • Alinhamento entre os requisitos da Norma S2 os conteúdos do questionário versão 2024 do CDP – Disclosure Insight Action, principal

Pensamento Integrado: um caminho para o desenho de estratégias abertas e colaborativas

Na hora de tomar decisões importantes sobre o futuro dos seus negócios, qual o nível de abertura e colaboração que as empresas devem incorporar ao trabalho de formulação estratégica? Responder a essa pergunta pode parecer simples: depende do perfil jurídico e tamanho da organização seria uma resposta rápida a vir à mente. Essa é uma resposta tão ágil quanto perigosa e imprecisa. Nessa linha de raciocínio, companhias de capital aberto, listadas em bolsa, habitualmente não decidem seus rumos sozinhas; têm de prestar contas a grupos amplos de investidores, credores, acionistas e gente distribuída no mercado de capitais. Já as de capital fechado tendem a parecer mais “livres” para pensar seus planos, por prestarem contas a menos gente. Assim, pensar e planejar negócios com olhar de longo prazo seria – apenas seria – uma tarefa mais complexa para conglomerados e organizações for profit de grande porte, restando a outros perfis de negócios um pensar estratégico mais ensimesmado e menos dinâmico. A história, porém, mostra que não é bem assim; na verdade, a literatura sobre estratégia indica que o século XX viu surgir teorias que indicam a necessidade de negócios abrirem a caixa preta e observarem as interconexões entre atividades empresariais, impactos gerados e recursos financeiros e não financeiros essenciais para sua existência. Modelos mais pautados pelo léxico do “integrado”, “aberto”, “colaborativo”, “sistêmico”, “integral” e “holístico” viraram moda nas escolas de administração e consultorias de estratégia. Isso decorre de uma movimentação que reflete, do muro para dentro, uma realidade dada que está há décadas fora dos escritórios das empresas. Três asserções demonstram a caducidade dessa divisão entre “empresas grandes que prestam contas a muita gente” e “negócios familiares”. A primeira é que, na prática, todo mundo presta contas a um raio de influência relativamente grande, que inclui quem trabalha na empresa, os que prestam serviços e os que têm vidas afetadas por sua existência (consumidores e comunidades de entorno, por exemplo). Em segundo lugar, nenhuma empresa é uma ilha. Todo negócio, por menor ou mais caseiro que seja, precisa, cada vez mais, sentar no divã e colocar suas bases estabelecidas em xeque, para se adequar a um mundo e uma economia global marcados pela tríade pós-moderna da volatilidade, transitoriedade e complexidade. Isso exige abertura, disposição ao diálogo e uma visão mais integrativa das questões que guiam as decisões e, é claro, afetam os resultados empresariais no curto, médio e longo prazos. O terceiro ponto é, talvez, o mais importante numa abordagem comportamental aplicada às pessoas jurídicas: isolamento vai na direção contrária de performance. Empresas com cadeias ultracontroladas, atividades dissociadas de parceiros e visão estreita de engajamento/relacionamento tendem a se desconectar dos stakeholders vitais e, também, ter sua reputação definida por tal postura, além de perder o lugar na janela do ônibus sem perceber – já que suas ideias não se atualizam na mesma velocidade do mundo. Voltemos, então, à questão inicial, agora com mais detalhes. Qual o nível de abertura e colaboração necessário para processos de reflexão estratégica? E mais: quem trazer para a conversa e como priorizar, escutar e filtrar considerações dos públicos? O que é preciso fazer para incentivar uma cultura de alianças e diálogos e, assim, tomar decisões de menor perfil de risco e maior impacto positivo nas jornadas dos negócios? Dois conceitos, intimamente conectados, nos ajudam a encontrar respostas possíveis: Pensamento Integrado e Open Strategy. Vamos nos dedicar, aqui, a depurar o primeiro – e lançar premissas a ele associadas que viabilizam a construção de estratégias de negócios abertas. O que é Pensamento Integrado? Como se aplica? O pensamento integrado pode ser entendido como uma filosofia empresarial que, de um lado, traduz preocupações de profissionais de Finanças e Contabilidade sobre o modo como empresas são conduzidas – e, de outro, demonstra como estas podem ser mais estáveis, saudáveis e produtivas por meio da consideração ativa dos diversos capitais (financeiro e não financeiros – social, natural, intelectual, humano etc.) que utilizam e sobre os quais produzem impactos. No texto “Integrated Thinking: Measuring the Unobservable”, os pesquisadores Irma Malafronte e John Pereira, das universidades de Roehampton e Kingston, no Reino Unido, resgatam a trajetória de debates sobre um modelo integrado de pensamento aplicável às empresas. Citam estudos em mercados pontuais, destacam a necessidade de critérios objetivos para mensurar/avaliar o nível de integração de administradores e suas decisões. E estabelecem um método para examinar, em estudo limitado a algumas companhias abertas, como posicionar empresas de acordo com seu nível reportado – e legível externamente – de integração. A conclusão dos autores é bem objetiva: “Embora a investigação sobre pensamento integrado e relatórios esteja a emergir na literatura recente sobre relatórios, ainda é preciso compreender o pensamento integrado na prática e o seu desenvolvimento ao longo do tempo” (Malafronte; Pereira, 2020, pág.5, tradução nossa). A menção a “relatórios” não ocorre por acaso. A discussão sobre pensamento integrado ganhou força na última década por conta do movimento do Relato Integrado <IR>, iniciado pelo International Integrated Reporting Council (IIRC), continuado pela Value Reporting Foundation (VRF) e hoje sob liderança da IFRS Foundation. No framework lançado pelo IIRC em 2013, a prática da divulgação integrada de resultados, desempenhos e perspectivas dos negócios das empresas sob a ótica <IR> era associada a empresas que pensavam a si próprias de maneira conectiva e holística, produzindo resultados mais estáveis e sólidos ao longo do tempo – e que os comunicam de forma clara a provedores de capital e outros stakeholders. Conforme o texto das diretrizes, o pensamento integrado “leva em consideração a conectividade e as interdependências entre uma gama de fatores que afetam a capacidade de uma organização de gerar valor ao longo do tempo” (IIRC, 2013, p.2), incluindo os estoques de valor representados pelos capitais que o negócio acessa e transforma; a capacidade de atender aos interesses dos stakeholders; a adaptabilidade do modelo de negócios e da estratégia ao ambiente externo; e os desempenhos e impactos gerados com relação aos capitais. O conceito foi trabalhado posteriormente em outros estudos da IIRC e da VRF, chegando ao

Sustentabilidade: 4 dicas para uma comunicação estratégica

No contexto corporativo, sabe-se que é preciso produzir relatórios ESG, mas como trabalhar a comunicação para um relato eficiente e coeso? Neste post, reunimos algumas dicas básicas Sustentabilidade não é um assunto tão simples, se pensarmos nas diretrizes, normas, padrões e siglas que surgem e que, claro, podem confundir a cabeça de quem não é do ramo. Por outro lado, as corporações sabem que é preciso adotar um processo de comunicação transparente no que diz respeito a suas iniciativas na agenda sustentável. Então, muitas delas podem se perguntar: por onde começar? A seguir, trazemos quatro dicas para responder a esta questão! 1) Crie uma cultura de sustentabilidade Por mais óbvio que pareça, antes de querer relatar ações sustentáveis, é preciso incorporá-las no dia a dia da empresa. Não se trata de ceder a uma demanda da sociedade ou dos investidores, mas de criar uma cultura que, no fim das contas, vai solidificar a companhia ao torna-la mais transparente. Por este motivo, estabelecer uma cultura de sustentabilidade é fundamental para obter sucesso lá na frente – e isso pode começar com pequenos incentivos. É possível, por exemplo, utilizar os canais internos para promover campanhas (como de reciclagem no escritório), com pequenos prêmios como incentivo. Aos poucos, pode evoluir para treinamentos e outras iniciativas. 2) Faça um raio-X da organização Quando a companhia já estiver madura do primeiro passo, é hora de caminhar para o segundo: a elaboração do relatório . Tal ferramenta de comunicação tem se mostrado vital para alcançar diversos públicos. Há, no entanto, uma série de modelos, técnicas de elaboração e padrões que podem confundir mais que ajudar, mas, neste caso, vale a máxima: “comece pelo básico”. O relatório deve ser produzido a partir de um raio-X da companhia, como resposta a perguntas como: em que momento ela se encontra em relação à Sustentabilidade? O que deseja a curto, médio, e longo prazo? Quais são os desafios para atingir os objetivos pretendidos? 3) Evite usar jargões corporativos Muitos relatórios produzidos atualmente contêm diversas informações irrelevantes, como dados “jogados”, não explicados e que, por vezes, estão no documento apenas para aumentar seu tamanho. Assim, é fundamental se atentar aos tópicos principais do negócio, evitando expressões inadequadas, ou, em outras palavras, jargões. Também é importante escrever de maneira acessível a todo e qualquer público. 4) Aposte em cursos com experts em relatórios A comunicação ESG é, portanto, a ponte para a confiança com stakeholders e consumidores, sendo capaz de demonstrar o compromisso de uma empresa com questões ambientais e de responsabilidade social. Aprender com quem domina essa maneira de se comunicar é mais uma dica importante. Por este motivo, nós, do Grupo Report, disponibilizamos o curso Relato Integrado, orientado pelos princípios da agenda ESG. O conteúdo programático aprofunda os conceitos de relato integrado e pensamento integrado, além de discorrer sobre criação de valor. Trata-se, também, da chance de estabelecer networking com empresas e profissionais engajados nos temas ESG e de sustentabilidade.

Importância e características do mercado de dívida ESG

Com a projeção da agenda sustentável mundo afora, cresce a necessidade de empresas conquistarem sinalização positiva e combaterem o greenwashing; entenda Nos últimos cinco anos, as questões socioambientais ganharam destaque nas decisões de organizações privadas, incluindo empresas e instituições financeiras. A crise climática, o declínio da biodiversidade e recursos naturais, o excesso de plástico e as desigualdades sociais refletem uma sociedade disfuncional. O crescente interesse de stakeholders nessas questões pressiona empresas a agir. Vejamos, a seguir, algumas iniciativas nesse sentido. Dívida ESG: que mercado é este? Em 2007, surgiu o mercado de dívida ESG, permitindo que operações de impacto positivo sejam rotuladas. Desde então, a área vem crescendo progressivamente, ganhando projeção no contexto mundial. O segmento de dívida ESG global se estabelece entre 5% e 6% do mercado total de dívida. Na América Latina, a fatia é de 30%. Paralelamente, cresce, também, o mercado de dívida ESG brasileiro – que, atualmente, representa de 15% a 30% do mercado total de dívida nacional. Como se constitui o mercado de dívida ESG Os instrumentos financeiros que sustentam as transações do tipo são conhecidos como GSSS (do inglês Green, Social, Sustainability e Sustainability-linked) Bonds/Loans. São práticas que respondem a uma demanda cada vez maior de investidores e instituições financeiras por ativos ligados ao enfrentamento dos grandes desafios da Sustentabilidade. Vejamos quais são alguns dos termos mais comuns deste mercado: ● Custo de capital: a empresa busca um financiamento mais barato, motivada pela crença de que um prêmio de Sustentabilidade pode oferecer essa vantagem. Na contramão, os investidores aceitam ganhos menores pelo avanço nas pautas da agenda sustentável. Entretanto, não há consenso que permita cravar que operações rotuladas garantam acesso a financiamentos com menor custo. ● Sinalização para o mercado: A emissão de títulos rotulados pode ser interpretada por meio da teoria da sinalização. Nela, um sinal é dito crível quando dificulta que companhias com características menos desejáveis o imitem. Pensando sob o ponto de vista do investidor, é possível distinguir claramente companhias comprometidas (que, portanto, ganham credibilidade) daquelas que não demonstram preocupação com a agenda sustentável. Greenwashing: o que é e como se relaciona com a dívida ESG Outro racional que compõe o mercado da dívida ESG é a prática conhecida como greenwashing, quando uma empresa promove e divulga iniciativas favoráveis ao meio ambiente, mas opera de maneira oposta ao que prega. Em outras palavras, há o risco de operações rotuladas como sustentáveis serem utilizadas como uma ferramenta de marketing para alavancar dinheiro. Uma pesquisa recente da consultoria PwC revelou que 98% dos investidores brasileiros acreditam que relatórios corporativos de sustentabilidade contenham informações não comprovadas. O levantamento ouviu 340 pessoas ligadas às operações de investimento. Mundo afora, o greenwashing é percebido por 94% dos respondentes. Os racionais que se relacionam com as áreas de Comunicação são os de greenwashing e de sinalização, sendo, porém, paradoxais. Isso porque a concretização de um ou de outro varia conforme a robustez dos componentes da operação vinculada por determinada organização. Combate ao greenwashing gera oportunidades para profissionais da comunicação Em meio ao mercado de dívida ESG, nota-se que as estratégias de Sustentabilidade das empresas ganham um foco muito maior, diante do qual nada passa despercebido. O público que acessa este ramo é criterioso, bem informado em geral e, portanto, atento às nuances da operação – daí as acusações de greenwashing serem cada vez mais frequentes. Por outro lado, se a companhia tem uma estratégia madura quanto ao papel que pretende desempenhar, a operação, além de ambiciosa, pode sinalizar a seus stakeholders alto grau de comprometimento. Passa, por isso mesmo, mais segurança e transparência, na medida em que constrói um posicionamento crível frente à agenda ESG. O fortalecimento reputacional também é fundamental para manter a credibilidade do mercado como um todo (o que faz com que as acusações de greenwashing o afetem de modo geral). Neste cenário, o papel dos profissionais da comunicação se torna determinante, já que são eles os responsáveis por fazer um embasamento sólido, com referencial teórico apurado e assertividade. Por fim, cabe salientar que a responsabilidade ao transmitir relatos socioambientais não se traduz somente no benefício da sinalização para uma empresa. Serve, também, para que as operações da organização confiável sigam aumentando sua representatividade no mercado de dívida global.

Programa de media training prepara porta-vozes para falar sobre Sustentabilidade

Uma boa comunicação é a chave para falar sobre ESG e a agenda sustentável de maneira que agregue valor a uma empresa. Nesse sentido, os porta-vozes têm um papel fundamental. Conheça o treinamento de media training da Report com foco para este público! Imagine a seguinte situação: um jornalista entra em contato com uma marca a fim de entrevistar seu porta-voz para falar sobre as estratégias ESG da empresa. A companhia em questão, porém, não tem um departamento específico (uma divisão de Sustentabilidade, por exemplo). Neste caso, deveria declinar a solicitação, perdendo a oportunidade de se colocar na mídia? Em nosso entendimento, não. Isso porque os assuntos relativos à agenda Ambiental, Social e de Governança não devem ficar restritos a um único departamento, ainda que ele exista. Todos os porta-vozes devem saber falar sobre ESG, sendo capazes de articular as ideias em torno do trabalho que desempenha na corporação. Quer um exemplo? Um(a) diretor(a) de RH pode falar sobre ações de Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I) e conectá-las ao eixo Social da sigla ESG, enquanto um representante do alto escalão pode discorrer sobre governança corporativa. É claro que tudo vai depender da pauta do jornalista que entrou em contato e, principalmente, da existência, de fato, das ações que a empresa quer comunicar, para não correr o risco de praticar greenwashing (de que falaremos mais adiante). E, para fortalecer o papel dos porta-vozes, uma comunicação eficiente é a chave, uma vez que que transparência, diálogo e engajamento são alguns de seus aspectos fundamentais. Como sempre, a tarefa começa dentro de casa: é importante que todos os colaboradores estejam alinhados a essas iniciativas. Os porta-vozes, em especial, devem estar em dia não só com a realidade da empresa e seu impacto na sociedade e no meio ambiente. Porém, é essencial que estejam, também, alinhados à agenda de Sustentabilidade como um todo. A narrativa das lideranças que falam em nome das corporações deve ter consistência, acima de tudo. Para auxiliá-las nesta tarefa, a Report desenvolveu um treinamento completo de media training. Afinal, o que é greenwashing? A iniciativa tem como objetivo atualizar as lideranças sobre as práticas de referência em Sustentabilidade e ESG e tendências para o futuro. O programa aborda, ainda, os princípios básicos de uma boa comunicação destes assuntos, além de apresentar uma visão geral da mídia que atua na área. Em outras palavras, trata-se de um treinamento de gestores para, enfim, atuarem como porta-vozes nas temáticas correspondentes. O conteúdo programático inclui uma visão geral sobre Sustentabilidade e ESG nas organizações, com um balanço do cenário no último ano e as perspectivas para 2024-2030. Do ponto de vista global, o treinamento aborda as movimentações, investimentos e estratégias das empresas, trazendo, também, destaques sobre novos acordos, regulamentações e questões climáticas. Já sobre o Brasil, o programa indica companhias que são referência nos assuntos tratados, além de mostrar quais são os principais veículos jornalísticos (e seus profissionais de destaque) que falam sobre Sustentabilidade. O treinamento inclui uma palestra sobre como ser um(a) bom/boa porta-voz – inclusive como se sair bem no vídeo, com dicas de linguagem e expressão –, simulação de entrevistas e debates. Um dos pontos altos da dinâmica, no entanto, é a abordagem sobre greenwashing. Entenda a seguir. Conteúdo do programa de media training Saber identificar greenwashing e outros movimentos do tipo é central no papel dos porta-vozes em Sustentabilidade e ESG atualmente. Como já explicamos neste post, a palavra em inglês vem de whitewashing, termo utilizado para falar sobre a estratégia de quem decide passar uma tinta branca em uma casa antiga para iludir potenciais compradores. Por analogia, o greenwashing caracteriza organizações que tentam ludibriar o mercado fazendo alegações sem consistência, do ponto de vista ambiental. Atualmente, além do green, há outros washings, em diferentes perspectivas. Por exemplo, o blue (quando ligado ao Pacto Global da ONU); o pink (para comunicar ações de conscientização e combate ao câncer de mama); health (para falar de iniciativas em saúde) etc.  Durante o treinamento de media training da Report, nosso fundador, Estevam Pereira, fala sobre os perigos do greenwashing, traz exemplos de movimentos semelhantes e propõe que os participantes analisem casos para identificar se determinada empresa é confiável e passa mensagens honestas.  Para saber todos os detalhes sobre o programa de media training da Report, entre em contato conosco!

Sustentabilidade: 4 dicas para uma comunicação estratégica

No contexto corporativo, sabe-se que é preciso produzir relatórios ESG, mas como trabalhar a comunicação para um relato eficiente e coeso? Neste post, reunimos algumas dicas básicas Sustentabilidade não é um assunto tão simples, se pensarmos nas diretrizes, normas, padrões e siglas que surgem e que, claro, podem confundir a cabeça de quem não é do ramo. Por outro lado, as corporações sabem que é preciso adotar um processo de comunicação transparente no que diz respeito a suas iniciativas na agenda sustentável. Então, muitas delas podem se perguntar: por onde começar? A seguir, trazemos quatro dicas para responder a esta questão! 1) Crie uma cultura de sustentabilidade Sustentabilidade não é um assunto tão simples, se pensarmos nas diretrizes, normas, padrões e siglas que surgem e que, claro, podem confundir a cabeça de quem não é do ramo. Por outro lado, as corporações sabem que é preciso adotar um processo de comunicação transparente no que diz respeito a suas iniciativas na agenda sustentável. Então, muitas delas podem se perguntar: por onde começar? A seguir, trazemos quatro dicas para responder a esta questão! 2) Faça um raio-X da organização Quando a companhia já estiver madura do primeiro passo, é hora de caminhar para o segundo: a elaboração do relatório . Tal ferramenta de comunicação tem se mostrado vital para alcançar diversos públicos. Há, no entanto, uma série de modelos, técnicas de elaboração e padrões que podem confundir mais que ajudar, mas, neste caso, vale a máxima: “comece pelo básico”. O relatório deve ser produzido a partir de um raio-X da companhia, como resposta a perguntas como: em que momento ela se encontra em relação à Sustentabilidade? O que deseja a curto, médio, e longo prazo? Quais são os desafios para atingir os objetivos pretendidos? 3) Evite usar jargões corporativos Muitos relatórios produzidos atualmente contêm diversas informações irrelevantes, como dados “jogados”, não explicados e que, por vezes, estão no documento apenas para aumentar seu tamanho. Assim, é fundamental se atentar aos tópicos principais do negócio, evitando expressões inadequadas, ou, em outras palavras, jargões. Também é importante escrever de maneira acessível a todo e qualquer público. 4) Aposte em cursos com experts em relatórios A comunicação ESG é, portanto, a ponte para a confiança com stakeholders e consumidores, sendo capaz de demonstrar o compromisso de uma empresa com questões ambientais e de responsabilidade social. Aprender com quem domina essa maneira de se comunicar é mais uma dica importante. Por este motivo, nós, do Grupo Report, disponibilizamos o curso Relato Integrado, orientado pelos princípios da agenda ESG. O conteúdo programático aprofunda os conceitos de relato integrado e pensamento integrado, além de discorrer sobre criação de valor. Trata-se, também, da chance de estabelecer networking com empresas e profissionais engajados nos temas ESG e de sustentabilidade.

Tudo sobre o ISE B3: Indicador de Sustentabilidade para Investidores

Entenda o ISE B3: Indicador de Sustentabilidade para Investidores Conscientes Entenda o ISE B3: Indicador de Sustentabilidade para Investidores Conscientes O Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), criado pela Bolsa de Valores do Brasil (B3) em 2005, é um indicador fundamental para investidores interessados em acompanhar empresas com boas práticas em sustentabilidade. Em termos simples, o ISE B3, como é popularmente conhecido, tem a função de mensurar de forma tangível o desempenho médio dos preços de ativos das empresas comprometidas com a sustentabilidade. Para participarem do processo, as organizações devem primeiramente estar entre as 200 empresas com os ativos mais líquidos, ou seja, com maior facilidade de conversão em dinheiro devido à velocidade de compra e venda. Depois disso, é feita uma avaliação rigorosa de critérios, momento no qual o ISE identifica os nomes que são destaque em eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa.  Processo seletivo à carteira ISE B3 Modalidades de Participação Existem duas modalidades de participação: oficial ou simulada. Para a categoria oficial, além de ser convidada, a empresa deve provar o cumprimento dos requisitos adicionais detalhados nos documentos de Diretrizes (com destaque para o tópico 1.6 na página 4).  Já a categoria simulada serve como um preparatório: qualquer empresa pode participar, independentemente de convite, e seu desempenho pode servir como um direcionador de benchmarking interno para boas práticas de sustentabilidade. Questionário ISE B3 O atual questionário, que passou por uma reformulação em 2021, foi alinhado com o Sustainability Accounting Standards Board (SASB) e a Global Reporting Initiative (GRI), e possui 5 grandes dimensões a serem avaliadas: Capital Humano Governança Corporativa e Alta Gestão Capital Social Modelo de Negócios e Inovação Meio Ambiente A Mudança do Clima é avaliada pela nota obtida com o questionário do Carbon Disclosure Project (CDP) – Climate Change, que possui uma estrutura robusta para diagnosticar o compromisso das empresas com o tema. A configuração do questionário varia de acordo com o setor da empresa participante. Alguns temas e tópicos são gerais, enquanto outros são específicos para o setor. As perguntas seguem a hierarquia de dimensão, temas e tópicos, como ilustrado na imagem abaixo, e são divididos em PDFs disponíveis no site do ISE B3. ↓Dimensão ↓ ↓Temas ↓ Tópicos Avaliação quantitativa x Avaliação qualitativa A avaliação quantitativa nada mais é que a fase de respostas. Neste momento, as empresas devem responder a perguntas de múltipla escolha. Apesar de variar a cada ano, o número de perguntas no questionário de seleção da carteira geralmente fica entre 80 e 100, destacando a importância de um preparo prévio, envolvendo documentação, alinhamento interno e tempo e equipe dedicada para o tema.  Posteriormente, como parte da metodologia, as empresas que atendem aos requisitos de participação e concorrem na categoria oficial são convidadas a apresentar evidências de 5 assinalamentos de cada uma das 5 dimensões. Ou seja, serão requisitadas, aleatoriamente, comprovações das respostas dadas na fase anterior. Essa etapa é chamada de avaliação qualitativa, pois verifica a qualidade das evidências apresentadas. Para garantir a isonomia do processo, a fase de auditoria é acompanhada pela KPMG e as evidências solicitadas são sorteadas no próprio sistema. É permitido enviar até 5 documentos para cada assinalamento sorteado marcado. Essa etapa é ainda mais densa e requer grande preparo para a análise e organização dos documentos. A recomendação do ISE é que, dentre as 5 evidências permitidas, uma delas seja uma espécie de dossiê/carta explicativa que conecte e apresente  os documentos de forma clara e objetiva. Nota final ISE B3 e entrada na carteira A nota final é baseada na avaliação quantitativa e qualitativa do processo. Após a conclusão, são divulgadas prévias da carteira e, finalmente, a carteira oficial. A última carteira, que entrou em vigor no último janeiro, foi anunciada em 02/01/2024 e inclui 78 empresas de 36 setores.  Comparando com as carteiras dos últimos três anos, houve um aumento de 33 empresas em relação a 2022, como se observa no quadro/gráfico abaixo. Carteira Ano em vigor Empresas Setores 17ª 2022 46 27 18ª 2023 66 26 19ª 2024 78 36 A nova carteira contou com empresas como o Grupo de Moda Soma, assessorada pelo Grupo Report e que mostrou uma grande evolução desde 2022. Rebalanceamento da carteira Os rebalanceamentos ocorrem a cada quatro meses e servem para monitorar as empresas em busca de eventos que possam afetar sua reputação e verificar se elas atendem aos requisitos de permanência da metodologia. Portanto, não basta apenas entrar na carteira, é necessário manter um desempenho e compromisso contínuos com a sustentabilidade. Em maio e 2024, haverá um novo rebalanceamento que levará em consideração a nota do CDP 2023, já disponível no site do CDP.  Quando se trata do CDP, é importante mencionar que o calendário do ISE B3 para o ciclo de 2024/2025 foi modificado para incorporar a primeira divulgação da carteira com a nota mais atualizada do CDP no próximo processo. As atividades começarão em março e continuarão até abril de 2025. Ciclo 2024/2025 ISE B3 Entre as principais novidades, está uma audiência pública que será realizada presencialmente e o preenchimento do questionário ocorrerá entre setembro e novembro. A primeira fase de envio de evidências também será em novembro. Caso as evidências sejam parcialmente aceitas, o ISE permite uma réplica, onde os participantes têm a chance de enviar novos documentos. Essa segunda etapa ocorrerá em fevereiro de 2025. Além disso, o ISE anunciou que realizará um processo mais detalhado de revisão do questionário, atualizado anualmente, mas que não será como a grande reestruturação que ocorreu em 2021. Por fim, devo inscrever minha empresa no ISE B3? Participar do índice, seja como categoria oficial ou simulada, deve ser visto como uma jornada. As empresas recebem um diagnóstico que pode e deve orientar a adoção de boas práticas contínuas. Não é possível gerenciar o que não é mensurado. No contexto atual, as agendas de sustentabilidade e ESG tornaram-se uma necessidade, em vez de uma escolha. Isso é corroborado pela demanda dos investidores por transparência e pelas diversas regulações existentes e emergentes, além

Aprenda a identificar os “washings” na comunicação a partir de cases famosos

Querer divulgar que é sustentável está nas metas de muitas empresas, em diferentes setores. Mas, sem um conhecimento adequado e esbarrando em questões éticas, fica difícil não cometer green ou outro washing. Entenda os conceitos e aprenda a identifica-los em cases famosos do que não fazer na comunicação ESG. Quando o CEO da Black Rock – maior gestora de recursos do mundo –, Larry Fink, passou a abordar temas da agenda sustentável nos comunicados anuais que enviava ao alto escalão das companhias investidas pela dele, uma enorme onda ESG se formou. Coincidentemente ou não, conforme os escritos do executivo se tornavam mais incisivos, os temas de Environmental, Social and Governance ganhavam tração. Ele dizia, por exemplo, que promover retornos sustentáveis requeria foco em fatores sociais e ambientais, para além da governança. Dizia, ainda, que as economias seriam profundamente afetadas pela transição para um cenário de neutralidade de emissões de carbono. Muitas empresas, no início da tal onda, ainda não estavam preparadas para lidar com a complexidade dos assuntos desta temática e, de fato, comunicar suas ações. Ou seja: não estavam maduras o suficiente para falar a respeito, não faziam a lição de casa e, dessa forma, acabavam expostas ao popular greenwashing. A palavra em inglês vem de whitewashing, termo utilizado para falar sobre a estratégia de quem decide passar uma tinta branca em uma casa antiga para iludir compradores em potencial. Em analogia, o greenwashing caracteriza organizações que tentam ludibriar o mercado fazendo alegações inconsistentes (ou até mesmo mentirosas) do ponto de vista ambiental. Afinal: quais são os outros washings, além do green? Atualmente, há uma miríade de washings em diferentes perspectivas. Por exemplo, o blue (quando ligado ao Pacto Global da ONU); o pink (para comunicar ações de conscientização e combate ao câncer de mama); health (para falar de iniciativas em saúde) etc. Destacamos, ainda, o ESGwashing, usado para denunciar gestoras de fundos de investimento que rotulam seus produtos com a popular sigla, sem qualquer preocupação com a transparência. Outro tipo conhecido nesse sentido de maquiar dados foi o sportswashing durante a Copa do Mundo do Catar. Na ocasião do torneio mundial, a organização prometia que a competição seria neutra em carbono. A estratégia idealizada era que todas as emissões de gases de efeito estufa fossem compensadas com uma série de medidas. Entretanto, segundo o órgão que regula publicidades na Suíça, o evento enganou os consumidores, uma vez que as promessas não se cumpriram. Cuidado com washings nos discursos A “maquiagem verde” (também chamada de “lavagem verde”) que caracteriza o greenwashing costuma ser feita por meio de um discurso sobre sustentabilidade contendo informações genéricas, inverídicas ou, no mínimo, irrelevantes. Uma estratégia de narrativa comumente utilizada por empresas que maquiam seus dados é destacar apenas impactos positivos do negócio, omitindo, portanto, questões fundamentais. Isso acontece, por exemplo, com a Coca-cola quando comemora ter adotado garrafas feitas com PET de origem vegetal, mas não resolve o problema no restante da produção, que ainda usa PET de origem fóssil. Outra estratégia de discurso é usar jargões técnicos, incompreensíveis ou, de novo, irrelevantes. Greenwashing na estética das empresas Do ponto de vista estético, empresas que “lavam” seus dados costumam se utilizar de imagens que remetem à sustentabilidade ambiental, com ícones de plantas, por exemplo, para indicar que sejam “verdes”. O apelo vale até mesmo para identidade visual. Há, ainda, aquelas que omitem imagens do negócio em operação, a exemplo de um anúncio clássico de revista da marca Shell, que ilustrava flores saindo de chaminés. Cabe destacar, ainda, a associação vazia de sentido a determinadas causas, como quando uma campanha da KFC dizia que iria destinar parte do valor de um balde de batata frita da marca a uma instituição de combate ao câncer (quando se sabe que alimentos gordurosos aumentam o risco para a doença). Existem companhias que se utilizam de outra estratégia comum no greenwashing: terceirizar a responsabilidade (incentivando consumidores a reduzirem a própria pegada de carbono, sem se comprometer com os dados da própria organização). E, quando pensamos no portfólio de marcas que praticam greenwashing, exemplos não faltam. A criação de ecolojas é um deles, como quando a Zara, uma marca constantemente envolvida em denúncias sobre más condições de trabalho de fornecedores, abriu a maior loja da marca em Madri, com atributos sustentáveis. Então, qual é o papel dos comunicadores quando clientes querem comunicar que fazem ESG? Cada vez mais, empresas de diversos segmentos têm procurado consultorias em sustentabilidade para dizer o quanto (pensa que) é sustentável, quando, na verdade, ainda não tem conhecimento do tema. Em situações assim, como nós, enquanto atuantes em Comunicação Corporativa, deveríamos agir? De acordo com uma estratégia da agência de comunicação Futerra, devemos dividir perguntas em três eixos para o potencial cliente: impacto, alinhamento e comunicação. A estratégia integra uma publicação intitulada, na tradução em português, Compreendendo e Prevenindo o Greenwash: um Guia de Negócios. No eixo de impacto, devemos procurar saber se a companhia em questão investiu recursos na iniciativa que quer comunicar; quais resultados já obteve; qual é a relevância, para o negócio, do que pretende tornar público etc. Já no eixo de alinhamento, é necessário questionar sobre a confiabilidade das informações; se houve correspondência com outras áreas dentro da empresa para dar visibilidade às questões que se quer comunicar e se há consistência na mensagem. Por fim, na comunicação, é imprescindível procurar saber se o cliente tem dados para corroborar as afirmações; se consegue dar amostras para que seja possível compreender o quadro geral; se a mensagem é verdadeiramente honesta etc. Este é um mote importante para destrinchar a comunicação ESG de uma companhia sem incorrer nos perversos washings.

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